quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

MP-SP promete rigor em apuração de mortes em Paraisópolis

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) considera a hipótese de homicídio nas nove mortes que ocorreram, no último domingo (1º), em um baile funk na favela de Paraisópolis, na zona sul da capital. A promotora Soraia Bicudo Simões, do Tribunal do Júri, foi designada para acompanhar as investigações após a ação da Polícia Militar (PM) no local.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (3), o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, prometeu uma apuração rigorosa sobre o ocorrido. “Em primeiro lugar, designei a promotora do Júri para fazer uma apuração a respeito dos homicídios que ocorreram em Paraisópolis. É preciso apurar o que houve, mas sobretudo que isso não se repita, que a gente possa encontrar caminhos de não violência”, disse.

Smanio considera chocantes os vídeos gravados por moradores de Paraisópolis, onde policiais militares aparecem agredindo jovens. No entanto, ele destacou, repetidas vezes, que não é possível apontar nenhuma atitude errada dos policiais até o momento.

“Os vídeos mostram agressões, os vídeos mostram uma atuação que precisa da apuração. Exatamente por isso que precisa ser apurado. Não é uma questão de dúvida, é uma questão de apuração, é uma questão técnica”, afirmou.

Nesta terça-feira (3), também surgiram novas imagens de violência policial na comunidade. No vídeo, um PM aparece batendo aleatoriamente em pessoas que saiam de uma viela com uma barra de ferro. A Polícia Militar diz que as imagens não são do último domingo, mas que o PM agressor foi identificado e afastado dos serviços operacionais.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), condenou veementemente o episódio e cobrou apuração rigorosa. Durante a formatura de policiais militares nesta terça, o vice-governador do Estado, Rodrigo Garcia, afirmou que vai aguardar a conclusão do inquérito antes de qualquer julgamento.

“O governo não pode ser comentarista de ação policial, o governo tem que expor os fatos. E os fatos estão sendo investigados no inquérito policial e serão, o mais rapidamente possível, expostos à sociedade. Já se sabe que muitos daqueles vídeos que circulam nas redes sociais não tem relação com o fato de Paraisópolis. São vídeos que mostram abusos de policiais e até alertam a polícia para corrigir e  punir eventuais abusos, mas nós temos que, com muita serenidade, fazer essa apuração rigorosa para a sociedade e, se existiu equívocos, eles poderem ser corrigidos”, declarou.

Líderes da oposição ao governo Doria na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) querem que a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil) paulista e a Comissão de Direitos Humanos da Alesp acompanhem as investigações.  Em nota, a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) pediu urgência na apuração das mortes dos jovens da comunidade.

Os inquéritos estão sendo conduzidos pela corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil.

*Com informações do repórter Leonardo Martins

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