O Ministério Público do Peru assinou nesta sexta-feira (29) um acordo de delação premiada com o empresário israelense Josef Maiman, suposto laranja do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), a quem teria ajudado a ocultar US$ 20 milhões (cerca de R$ 78 milhões) em propinas da construtora brasileira Odebrecht.
O acordo foi assinado em Tel Aviv por Maiman e os procuradores peruanos Rafael Vela e José Domingo Pérez, os principais encarregados da equipe especial que investiga o braço da operação Lava Jato no Peru.
O empresário já tinha expressado desde 2017 sua intenção de fechar um acordo com o Ministério Público, que acredita que seu testemunho ajudará a reforçar as acusações contra Toledo. O ex-presidente permanece nos Estados Unidos à espera de uma resolução para a solicitação de extradição apresentada pela Justiça peruana.
Segundo a imprensa local, Maiman já declarou que utilizou suas empresas para desviar os pagamentos ilícitos que a Odebrecht fez a Toledo em troca da concessão para a construção de dois trechos da estrada interoceânica do sul, que atravessa o Peru do oceano Pacífico até a Bolívia e o Brasil.
Através destas empresas offshore, situadas em paraísos fiscais, o dinheiro foi supostamente transferido para a sociedade Ecoteva, fundada em 2012 na Costa Rica pela sogra de Toledo, Eva Fernenbug. Por essa empresa costa-riquenha, Toledo supostamente pagou as hipotecas milionárias das propriedades imobiliárias que adquiriu em Lima e nas praias do norte do Peru.
O ex-presidente é acusado de lavagem de dinheiro, colusão e tráfico de influência e desde fevereiro de 2017 tem uma ordem captura internacional e um mandato de 18 meses de prisão preventiva.
No entanto, durante todo este tempo permaneceu em liberdade nos EUA, onde tem residência fixa, sem que ainda a Justiça americana tenha dado uma resposta à solicitação de extradição. Ele só esteve na prisão uma noite, quando há duas semanas foi detido por estar embriagado em um restaurante de São Francisco.
Toledo é um dos quatro ex-presidentes peruanos investigados no caso Odebrecht, o maior escândalo de corrupção na América Latina. A empresa reconheceu ter pagado propina em pelo menos 12 países e também ter feito doações irregulares para financiar as campanhas eleitorais de políticos.
Além de Toledo, também são acusados os ex-presidentes Alan García (2006-2011), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), assim como a líder do partido opositor Força Popular, Keiko Fujimori, a ex-prefeita de Lima, Susana Villarán, e o ex-governador da província de El Callao, Félix Moreno.
*Com EFE
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