O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, negou que o governo do presidente Jair Bolsonaro apresente qualquer espécie de resistência, por razões políticas ou ideológicas, ao capital chinês. A declaração foi feita nesta sexta-feira (29) em entrevista ao programa 3 Em 1 da Jovem Pan. Ao defender que o grave problema fiscal do Brasil – que afeta diretamente o setor de infraestrutura – precisa ser enfrentado com o auxílio da iniciativa privada, afirmou que “dinheiro é dinheiro, não existe carimbo”.
“A gente precisa se valer de países exportadores de capital. O Brasil sempre teve deficiência de poupança interna. Para fazer investimento, temos que recorrer a países com PIBs expressivos que tenham sobra de capital para exportar. Temos que ser habilidosos para trazer esse capital para cá. Competimos com o mundo todo”, disse.
“O investidor abre o mapa e vê onde tem a melhor oportunidade, a maior segurança jurídica. Capital chinês é um problema? De forma nenhuma. O chinês vai operar aqui, gerar emprego, imposto e vai embora. Para isso, existe regulação. Esse capital será muito bem vindo se eles quiserem participar de um leilão de rodovia ou terminal portuário… Assim como o capital norte-americano, russo, europeu, árabe. Nós queremos dinheiro”, completou.
‘Começamos com o pé direito com a Norte-Sul’
O ministro considera que a pasta iniciou os trabalhos “com o pé direito” ao concluir, nesta semana, o leilão da Ferrovia Norte-Sul (FNS). Ele afirmou que a concessionária vencedora, Rumo S.A. (do Grupo Cosan), apresentou uma “oferta maravilhosa” e disse acreditar que, com o tempo, o governo federal enfrentará a “resistência” que ainda há em relação às desestatizações, especialmente na área de transportes.
“Temos um plano audacioso com as ferrovias. Esse é o primeiro leilão em 12 anos. Ele vai impulsionar o transporte ferroviário não só de grãos, mas de carga geral, de contêiner. Estamos apostando muito no movimento de contêiner de São Paulo para o Centro-Oeste e do Centro-Oeste para São Paulo. Essa ferrovia vai ter que ser conectada com outros empreendimentos, como a BR 242080, como integração do Centro-Oeste”, explicou.
“Do ponto de vista de desestatizações, resistência sempre há. Mas ela tem que ser enfrentada. Percebemos isso nos aeroportos. Os que foram concedidos têm apresentado avanços expressivos. Foi assim com as telecomunicações também. É sempre assim. Tem choro, ranger de dentes, mas temos que superar”, completou.
A Ferrovia Norte-Sul foi leiloada na última quarta-feira (27). A empresa vencedora ofertou R$ 2,719 bilhões pelo trecho de 1.537 quilômetros que vai de Estrela d’Oeste (SP) a Porto Nacional (TO). A proposta concorrente de R$ 2,065 bilhões foi feita pela VLI Multimodal, representada pela corretora Safra. O valor mínimo de outorga era de R$ 1,353 bilhão. O prazo da concessão é de 30 anos e a previsão de investimento é de R$ 2,8 bilhões.
A Rumo S.A. deverá prestar serviço de transporte ferroviário e assegurar a manutenção da estrutura, além de implantar planos ambientais, oficinas de manutenção e postos de abastecimento e atuar na aquisição de equipamentos ferroviários e material rodante.
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