Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) revelaram nesta sexta-feira (29) que o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco trocaram mensagens e tentaram conversar por telefone no dia em que foram presos, em 21 de março.
De acordo com o procurador Eduardo El Hage, isso indica a possibilidade de ambos já saberem que seriam presos. “Em todo o período que foi encontrado no celular, não foi encontrada nenhuma mensagem dos dois interlocutores no período da madrugada, apenas no dia da operação”, disse. “É um possível indício de vazamento.”
O procurador da República Almir Teubl explicou que Temer mandou uma mensagem perguntando se Moreira Franco estava acordado e depois tentou ligar para ele nas primeiras horas do dia da prisão. “As ligações acabaram não completando. Logo, não tivemos acesso ao conteúdo da ligação e não sabemos se eles se comunicaram por outros meios. Primeiro, Michel Temer pergunta se o Moreira Franco está acordado. Então, ele liga para o Moreira. Em seguida, manda uma mensagem ‘te liguei e você não atendeu’. Isso 1h40 aproximadamente, do dia da operação”, revelou.
As informações foram confirmadas em entrevista coletiva concedida no Rio de Janeiro em que os procuradores falaram sobre duas novas denúncias contra Michel Temer, Moreira Franco e outras 12 pessoas. As acusações estão relacionadas a desvios de recursos da Eletronuclear na construção da usina Angra 3.
Celulares do coronel Lima
O coronel reformado João Baptista Lima Filho, acusado de ser o operador financeiro de Michel Temer, também foi preso na semana passada. No dia em que foi preso, coronel Lima foi alvo também de buscas da Polícia Federal. Em relatório enviado ao juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal, a investigação narrou que o amigo de Temer “tentou ludibriar a equipe responsável pela busca e apreensão, escondendo dois aparelhos celulares sobre a almofada do assento do sofá em que se encontrava”.
O MPF confirmou que vai enviar os celulares a um laboratório para que as senhas dos aparelhos sejam quebradas. A força-tarefa da Lava Jato relatou que o amigo do ex-presidente Michel Temer se recusou a fornecer os códigos de acesso.
“A equipe se deslocou ao endereço, onde chegou por volta das 13 horas do dia 21 de março de 2019. Ao chegar no apartamento a entrada foi franqueada por uma das empregadas do investigado”, relatou a Federal.
“O investigado estava sentado em um sofá. Pessoalmente, entreguei-lhe mandados de busca domiciliar e de prisão temporária para que atestasse o recebimento de uma via de casa. Ele, então, levantou-se para pegar os óculos. Então, um celular começou a tocar. Estranhamente, o aparelho não estava visível. Tirando as almofadas do sofá, encontrei os dois aparelhos embaixo delas.”
No documento a Bretas, a força-tarefa afirma que o coronel Lima “buscou ocultar da equipe policial com ordem judicial para a apreensão de celulares dois aparelhos que, tudo indica, contém provas de interesse da investigação”.
“Fato por si só autorizaria a decretação de prisão preventiva pela conveniência da instrução criminal”, alertam os procuradores.
*Com Estadão Conteúdo
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