O Distrito Federal (DF) assumiu a liderança no ranking dos Estados com pior desempenho no combate à pandemia da Covid-19 no Brasil. A última edição da lista, elaborada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) trouxe o DF na primeira posição na semana encerrada em 28 de julho. Esta é a primeira vez desde o início do acompanhamento, iniciado em 15 de abril, em que o Distrito Federal fica em primeiro lugar. Ele é seguido pelo Rio de Janeiro, que saiu da 16ª para a segunda posição, por Roraima, em terceiro lugar; Goiás, na quarta colocação; e Alagoas, na quinta.
O Ranking Covid-19 dos Estados avalia as 27 unidades federativas segundo nove critérios: proporção de casos confirmados, evolução logarítmica de casos e porcentual de mortalidade da Covid-19 e de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG); as notas de transparência do combate ao coronavírus elaboradas pela Open Knowledge Brasil e dados de isolamento social do Google. Quanto maior a nota final, pior é o desempenho dos Estados no enfrentamento à pandemia. Embora pela primeira vez no topo do ranking, o Distrito Federal ocupava o segundo lugar da pesquisa desde a primeira semana de julho. A nota do DF passou de 46,96 na semana encerrada em 14/7 para 43,75 no período encerrado no dia 28. Enquanto isso, Roraima, que ocupou a liderança nas últimas cinco semanas, oscilou de 50,4 para 42,36 no período.
“O DF tem o pior desempenho, bateu recorde de mortes e passou dos 100 mil casos. Nós estamos avisando isso ao longo dos últimos meses e, agora, é o caos, em linhas gerais. Eles precisam e podem fazer alguma coisa para controlar a doença, até porque é um Estado pequeno e tem alguns dos melhores indicadores do Brasil, principalmente a nível de emprego e renda”, afirma José Henrique Nascimento, Head de Competitividade do CLP. Entre os destaques negativos, ele também menciona o Rio de Janeiro, em segundo lugar no levantamento. “A Fiocruz já soltou nota técnica falando sobre a possibilidade de uma nova onda de casos. O Rio já é o segundo colocado e tem possibilidade de manter-se nessa posição negativa”, observa.
Tendência
O CLP observa que, na passagem da semana encerrada em 14 de julho para a semana de 28 de julho, o número de mortes pela Covid-19 subiu 28,0% no Brasil. Na região Sul, Santa Catarina e Paraná tiveram altas de aproximadamente 60% e, no Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul teve o maior crescimento, de 64%. “Os Estados do Sul não preocupam tanto, porque parece que perceberam o problema e estão tomando medidas. Mas eu diria que temos que ficar atentos com o Mato Grosso do Sul e com Goiás, que está soltando várias notas de hospitais com 100% da capacidade atingida”, diz Nascimento.
Segundo as projeções do CLP, o número de mortes deve crescer 15,1% nos próximos 15 dias, chegando a 101.887. No período de um mês até o dia 27 de agosto, o centro espera ver aumento de 29,9% no acumulado, atingindo 115 mil falecimentos. No Distrito Federal, o CLP estima crescimento de 43,9% no número de mortes até 12 de agosto, para 2.002, dos 1.391 registrados até o dia 28. A alta mais intensa é esperada para Goiás, que teve 1.473 mortes até o dia 28 e pode ter crescimento de 43,18% em 15 dias e 86,35% no período de um mês. Segundo Nascimento, os resultados mostram que o desempenho dos Estados está fortemente ligado à manutenção do distanciamento social. “Nenhum Estado conseguiu reabrir sem criar impactos negativos de curto prazo. As pessoas acham que a vida está normal e a curva de casos e mortes aumenta, os hospitais lotam”, afirma Nascimento. “Tem uma incapacidade institucional de prover segurança. Você reabre e o ônibus, por exemplo, vai lotar, sempre lotou, não vai deixar disso agora.”
Resposta
Por meio de nota, o governo do Rio de Janeiro disse que um gabinete de crise acompanha diariamente o desenvolvimento da Covid-19 para fundamentar medidas. O Executivo fluminense afirmou que, de acordo com seu painel de risco, as baixadas litorâneas e o noroeste do Estado estão em nível de risco baixo e o restante do Estado, em risco moderado. A nota diz, ainda, que as medidas tomadas pelo governo desde março já preservaram cerca de 100 mil vidas.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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