O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou em uma entrevista publicada no canal do YouTube “Brasil Paralelo” que o nazismo e o fascismo seriam “fenômenos de esquerda”. Segundo o chanceler, regimes totalitários como o que dominou a Alemanha na primeira metade do século XX teriam usado táticas nacionalistas que não podem ser atribuídas à direita.
“Eles de certa forma sequestraram esse sentimento (do nacionalismo). É muito a tendência da esquerda: pega uma coisa boa, sequestra, perverte e transforma em coisa ruim. Isso tem a ver com o que eu digo que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda. É a mesma lógica”, afirmou Araújo na entrevista, publicada na semana passada.
A repercussão da fala do ministro alcançou até mesmo a Deustche Welle, principal emissora de TV pública alemã. A rede afirmou, através de um texto em seu site, que as associações de Araújo contrariam o consenso de especialistas sobre o tema e que, no país, a questão sequer é discutida entre historiadores sérios. “Há décadas não restam mais dúvidas, nos âmbitos acadêmico, social e político, sobre a natureza de extrema direita do nazismo”, diz a reportagem.
A historiadora da USP Maria Luiza Tucci Carneiro também contesta a tese e critica o revisionismo do ministro. “O que importa aqui não é fazer história, mas fazer política no presente, desconsiderando o passado e os fatos. Os nazistas apontavam os comunistas como ‘inimigos objetivos’. Uma das primeiras medidas de Hitler no poder foi pôr na ilegalidade o Partido Comunista. Começa, então, uma fuga de intelectuais e cientistas. O passado deve ser revisitado, não deturpado”, concluiu.
A assessoria de Ernesto Araújo não se manifestou sobre as declarações do ministro.
Com Estadão Conteúdo
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