A presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, avalia que a aprovação do novo Fundeb é fundamental para a educação básica no Brasil, no entanto, será insuficiente para minimizar os efeitos da pandemia da Covid-19 no ensino. Para ela, a aprovação da PEC, que torna o fundo permanente e amplia a participação da União, é importante, mas “o financiamento da educação é apenas o primeiro passo”. Atualmente, 43% dos municípios investem, como piso, cerca de R$ 3.700 por aluno anualmente, o que é muito pouco. Com o Fundeb iremos subir para R$ 5.700 até o final da transição em 2026, então a proposta trará maior eficiência alocativa, distribuindo os recursos melhor para os entes da federação, colocando mais dinheiro nos municípios mais pobres. No entanto, o financiamento é apenas o primeiro passo. Em um ano eleitoral, precisamos que todos os eleitores fiquem de olho nas propostas para a educação em cada município”, afirma em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan. A PEC do novo Fundeb, aprovada pelo Senado Federal na terça-feira, torna o Fundo permanente e aumenta, de forma gradual, a contribuição da União até 2026, quando chegará a 23% de participação.
Priscila Cruz entende que, com a pandemia da Covid-19, os municípios precisarão investir para diminuir os impactos da paralisação das aulas presenciais. “Pensar em conectividade, equipamentos de proteção individual, em acessórios de segurança sanitária e até em uma avaliação diagnóstica para entender em que ponto da aprendizagem esses alunos pararam e como recuperar esse tempo perdido. Então entendendo que a desigualdade educacional é o berço da desigualdade social, a aprovação do Fundeb é muito importante, mas não será suficiente para combater os efeitos brutais da pandemia na educação básica”, avalia. Segundo ela, é importante destacar que sem o Fundo, a “diferença de investimento entre alunos brasileiros seria de 15000%”, o que torna ainda mais importante a aprovação.
Para finalizar, a presidente-executiva Todos Pela Educação ressalta que, para minimizar as disparidades na educação é necessário uma atuação mais eficiente do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que, na visão dela, deu “poucas sinalizações” sobre o tema. “Não tivemos contato com o novo ministro, tivemos contato com todos os ministros anteriores. Com o Weintraub tivemos muitas críticas porque ele teve um gestão muito ideológica, cheia de raiva e ataques. Neste momento, estamos vivendo o período mais difícil da educação, nunca tivemos antes a suspensão das aulas presenciais e isto está impondo o desatrelamento da aprendizagem, com potencial para o aumento da evasão escolar. E qual tem sido o papel do ministério da educação? Não fez nada. Então, aproveito e faço um apelo para que o novo ministro sente na cadeira, olhe pela educação e use suas atribuições para coordenar o sistema de educação básica”, afirma.
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