Os números de internações por Covid-19 em alguns dos principais hospitais privados da cidade de São Paulo vem aumentando nas últimas semanas. Um dos casos é o Sírio Libanês, que voltou a registrar 120 internações neste mês, mesmo número de abril, pico da pandemia no Brasil – em outubro, esse número havia caído para 80. Do total de doentes, 50 estão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já no HCor, no dia 10 de setembro, 19 pacientes estavam internados, e o número subiu para 30 no dia 10 deste mês – destes, 10 estão em UTI. Em abril, o total de pessoas internadas por Covid-19 na unidade era de 74 pacientes. Especialistas afirmam que o aumento pode não estar relacionado necessariamente com uma segunda onda da doença no Estado, mas sim com a flexibilização, abertura do comércio, e polarização da discussão sobre as medidas de prevenção à Covid-19, como o uso de máscaras e o distanciamento social. “Isso enfraquece, e as pessoas tomam menos cuidado ainda”, afirma o virologista Raphael Rangel, que representa o Conselho de Biomedicina e é coordenador do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação.
Rangel lembra ainda que, quando a doença chegou ao Brasil, os hospitais particulares foram os primeiros a ficar cheios, seguidos dos públicos. “Percebemos que os hospitais particulares viviam uma queda, e passaram a uma crescente do meio de outubro para agora. Já os hospitais públicos estavam em queda e agora atingiram um platô, estão mantendo uma média de pacientes internados.” O aumento maior na rede privada se dá também pelo rápido atendimento aos pacientes e maior capacidade de testagem. O virologista disse, ainda, que os hospitais de campanha foram fechados de forma apressada. “Caso nós estejamos iniciando uma segunda onda, não teremos o mesmo poder de reação”, pontuou. Em nota, o HCor informou que houve “aumento no número de pacientes com suspeita de Covid-19” no pronto-socorro, mas que “a quantidade de internações permanece estável”. Procurado, o Sírio Libanês não quis se manifestar, além dos números já divulgados. Com base nos levantamentos, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) afirma que “as informações de aumento de internações são ainda localizadas em instituições de referência e não podem ser confirmados como tendência”.
Outros hospitais registraram leves oscilações. No São Camilo, em maio, a média de internações diárias era de 17, com queda para seis em outubro – agora, em novembro, subiu para oito. Na BP (Beneficência Portuguesa), nesta quinta-feira, 12, estavam internados na instituição 41 pacientes com diagnóstico de Covid-19. “Mantemos vigilância sobre a evolução epidemiológica. E a análise da série histórica do número de internados em nosso serviço não indica aumento significativo de casos”, informou a BP, em nota.
Governo nega aumento na rede privada
A cidade de São Paulo tem 116 hospitais privados, e o Estado, 466, segundo o Sindhosp – fora as instituições filantrópicas. O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, José Medina, afirmou que esse aumento não foi observado no geral. Segundo ele, houve uma diminuição de internações pelo coronavírus nos últimos meses, considerando todos os hospitais privados do Estado. “Nas últimas cinco semanas, o número de internações em SP nos hospitais privados foi de 233, 233, 243, 214 e 228”, disse Medina. Já o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, explicou que as decisões do governo em relação ao Plano São Paulo são feitas com base em dados e levantamentos. “Os dados não mentem, estão aí e fazem parte do nosso cenário de ação. Temos que considerar que ainda há circulação do vírus no nosso meio, por isso temos que manter as medidas e estratégias sanitárias. Se as pessoas se expuserem sem os devidos cuidados, incorre o risco do vírus circular entre elas”, afirmou. O Estado de São Paulo tem hoje 1.156.652 casos de Covid-19 e 40.202 óbitos pela doença. A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 41,2% no Estado e em 45% na Grande São Paulo.
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