A força-tarefa da Operação Lava Jato requereu nesta quinta-feira, 28, à juíza federal Gabriela Hardt que intime a ex-mulher do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado como operador do PSDB, a prestar “esclarecimentos sobre a abertura de conta bancária junto à Millenium BCP, em Portugal”. Paulo Preto está preso preventivamente desde 19 de fevereiro, suspeito de lavagem de dinheiro e de operar propinas para políticos tucanos.
A Lava Jato quer que Ruth Arana indique “a origem e a causa econômica dos valores aportados na instituição financeira”. Os procuradores pediram ainda que a ex-mulher de Vieira de Souza explique “se há qualquer relação dos montantes com as atividades e/ou recursos mantidos” pelo ex-diretor da Dersa.
A Procuradoria afirma que o ex-diretor da Dersa manteve R$ 131 milhões em quatro contas no banco Bordier & CIE, de Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual o operador é beneficiário econômico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e mantidas até 2017.
Na manifestação à Gabriela Hardt, o Ministério Público Federal relatou que, em e-mail de junho de 2018, Ruth Arana de Souza abre conta bancária em instituição financeira em Portugal. A mensagem foi trocada após as prisões de Vieira de Souza pela Lava Jato São Paulo, em abril.
“Chama a atenção o fato de que o investigado manteve contas no exterior, por longo tempo secretas, abastecidas com recursos ilícitos de empreiteiras investigadas no âmbito da Operação Lava Jato. Inclusive, parte substancial dos valores foi transferida para conta bancária nas Bahamas, ainda sem notícia de eventuais transferências posteriores”, afirmam os procuradores.
“Nesse cenário, a abertura de nova conta bancária, mais uma vez no exterior, por pessoa com relação familiar e empresarial com o principal investigado, requer o aprofundamento das investigações ”
Vieira de Souza foi condenado pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Federal de São Paulo, nesta quinta-feira, 28, a 27 anos de prisão na Lava Jato/SP – sete anos e oito dias em regime fechado e 20 anos de detenção em regime semiaberto e aberto. O ex-diretor da Dersa é acusado pelos crimes de cartel e fraude à licitação.
*Com Estadão Conteúdo
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