Deputado federal em seu sexto mandato, Celso Russomanno (Republicanos) ostenta um status raro nestas eleições municipais: o apoio explícito do presidente Jair Bolsonaro, que disse mais de uma vez a aliados que evitaria se envolver em campanhas para não desgastar a sua imagem. No Rio de Janeiro, o chefe do Executivo pediu votos para a reeleição do prefeito Marcelo Crivella, que também pertence ao Republicanos. Em São Paulo, onde o PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018, lançou a candidatura de Joice Hasselmann, ex-vice-líder do governo no Congresso e crítica de sua gestão, o capitão reformado então declarou apoio a Russomanno, a quem já chamou de “amigo de longa data”, como forma de rivalizar com seu desafeto político, o governador João Doria (PSDB), que apoia a reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB). Nas últimas semanas, porém, o candidato do Republicanos à Prefeitura de São Paulo se desidratou nas pesquisas de intenção de voto e chegou a omitir as menções ao presidente da República de suas propagandas veiculadas na televisão na segunda-feira, 26, e na terça-feira, 27.
Apesar da movimentação, Russomanno nega qualquer tentativa de distanciamento com o Palácio do Planalto. “Não há nenhuma tentativa de descolar minha imagem da do presidente. O presidente está dentro da minha campanha e não descolo minha imagem da dele. Tenho apoio do presidente Bolsonaro e isso não muda em nenhuma hipótese”, disse em entrevista à Jovem Pan. Uma das principais propostas da campanha de Russomanno é a criação do Auxílio Paulistano. O benefício não dependerá do prosseguimento do auxílio emergencial, pago pelo governo federal durante a pandemia, e será financiado pelos recursos obtidos pela Prefeitura na renegociação da dívida da cidade com o governo federal. “Ele depende única e exclusivamente da renegociação da dívida com o governo federal. Hoje pagamos uma taxa de juros muito grande e isso tem que ser negociado, porque se tornou um negócio lucrativo para o governo federal, que não precisa disso. O governo federal precisa ajudar as cidades. Perdemos 20 mil lojas, fechadas durante a pandemia. São Paulo foi o epicentro, precisamos dar a essas empresas o mínimo de renda para que possam sobreviver. Não temos, ainda, um valor estipulado para o auxílio paulistano, mas estimo que possamos reduzir em R$ 1 bilhão, R$ 1,2 bilhão a dívida, valor que será utilizado para viabilizar o nosso programa”, afirma.
Assim como seu padrinho político, Celso Russomanno é contra a vacinação obrigatória. Diz, enfaticamente, que, em seu governo, a população de São Paulo “não será cobaia de nada”. O deputado federal também afirma que não pensa em esperar a vacinação da população para que as aulas voltem presencialmente. “Obedecendo e seguindo as recomendações da OMS, do Ministério da Saúde, pretendo que as aulas voltem no dia 1º de janeiro. Algumas das escolas particulares já estão operando normalmente e o retorno tem sido muito bem sucedido. Acho extremamente importante que isso ocorra. Até porque, a retomada das escolas também gera emprego. Temos professores parados, o funcionário da manutenção sem emprego. Isso tudo gera renda. Na Europa, por exemplo, alguns países estão endurecendo medidas para conter a chamada segunda onda, mas as escolas estão sendo mantidas. Elas precisam voltar. Para isso, estaremos acompanhados de médicos, de profissionais capacitados para nos amparar nesse retorno seguro. Você pode abrir um restaurante, mas não abre escola? Isso é coisa de gente que toma decisões de dentro de um gabinete sem conhecer a cidade”, explica.
Veja algumas propostas defendidas pelo candidato do Republicanos à Prefeitura de SP:
Emprego e renda: diminuição do ISS e construção civil
O deputado federal Celso Russomanno diz que pretende atrair empresas para a capital diminuindo o ISS (Impostos Sobre Serviços), principal fonte de recursos do município. “A cidade tem perdido muitas empresas e trabalhadores porque as cidades ao redor de São Paulo tem ISS mais barato. Pretendo baixá-lo ao mesmo patamar de nossos vizinhos. As pessoas querem estar em São Paulo, temos infraestrutura para atrair e manter empresas aqui, mas o ambiente de negócio tem que ser atrativo”, diz. Russomanno também defende “menos entraves” para alavancar a construção civil na cidade. Para isso, promete dar protagonismo à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab). ” O nome diz tudo: a Companhia de Habitação tem que criar habitação, voltar a fazer moradias. Faz 16 anos que a Cohab não constrói casa, faz 12 anos que não inaugura nada. Esses empreendimentos não exigem do morador uma entrada cara, porque as pessoas não têm condição de fazer isso. Vamos voltar com a Cohab, fortalecê-la, para que ela construa habitações populares. Esse processo tem que voltar. O déficit é de moradia. As pessoas não estão na rua porque querem, estão ali por falta de opção”.
Educação: volta às aulas respeitando os protocolos sanitários
Russomanno defende que as aulas voltem já no dia 1º de janeiro, desde que em consonância com os protocolos sanitários estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. Para o deputado federal, a retomada das aulas também é uma forma de gerar emprego. “Obedecendo e seguindo as recomendações da OMS, do Ministério da Saúde, pretendo que as aulas voltem no dia 1º de janeiro. Algumas das escolas particulares já estão operando normalmente e o retorno tem sido muito bem sucedido. Acho extremamente importante que isso ocorra. Até porque, a retomada das escolas também gera emprego. Temos professores parados, professores parados, o funcionário da manutenção sem emprego. Isso tudo gera renda. Na Europa, por exemplo, alguns países estão endurecendo medidas para conter a chamada segunda onda, mas as escolas estão sendo mantidas. Elas precisam voltar. Para isso, estaremos acompanhados de médicos, de profissionais capacitados para nos amparar nesse retorno seguro”. Assim como Bolsonaro, Russomanno é contra a vacinação obrigatória da população. “Não posso aceitar que o povo de São Paulo seja cobaia. No meu governo, a população não será cobaia de nada”, diz. O candidato do Republicanos defende que a vacinação siga suas fases de testes sem atropelo e afirma que, uma vez aprovada pela Anvisa, investirá em campanhas de conscientização.
Transporte público: eficiência e velocidade
“Eficiência do transporte público está atrelada à velocidade”. É com esta máxima que Russomanno afirma que pretende permitir que os ônibus da capital circulem, sem aglomerações, de maneira mais rápida. “Temos que dobrar a velocidade média dos ônibus, que hoje varia de 16 km/h a 18 km/h. Para isso, é necessário investir em corredores, aumentar o número de faixas pela cidade. Dar condições de criar uma espécie de ciranda. Com mais ônibus rodando num menor espaço de tempo, mais eficiente e menos lotado será o transporte”, diz. Questionado sobre a possibilidade de expandir a gratuidade no transporte para desempregados, por exemplo, o candidato do Republicanos ressalta que o prefeito eleito administrará a cidade, em seu primeiro ano, com o Orçamento definido pela atual gestão. “Não posso prometer o que não posso cumprir. O prefeito eleito assumirá com o Orçamento definido por essa gestão. Para cogitar ampliar gratuidades, preciso de um estudo técnico que mostre que isso é possível”, explica. Russomanno afirma, no entanto, que uma forma de aumentar a arrecadação do município seria a flexibilização da Lei da Cidade Limpa, sancionada em 2006 pelo então prefeito Gilberto Kassab (PSD), com a liberação de publicidade nos ônibus. “Se aumentarmos a arrecadação, podemos garantir outras gratuidades. Hoje, o subsídio já é imenso, chega a R$ 3,8 bilhões. Não vejo problemas na gratuidade, inclusive para finais de semana e feriados, mas precisamos de estudos técnicos que garantam que a Prefeitura tenha condição de subsidiar ainda mais”.
Cracolândia e segurança pública: inteligência policial e investimento a longo prazo
Russomanno diz que a questão da Cracolândia precisa ser tratada com três princípios: verdade, coragem e coração. “Verdade, para não repetir os erros dos tucanos de dizer que o problema foi solucionado. Coragem, para diminuir o sofrimento, porque lá existem famílias. Coração, para lidar com seres humanos”, afirma. O candidato promete estabelecer um trabalho integrado entre a Guarda Civil Municipal (GCM), Polícia Militar e Polícia Civil, privilegiando o serviço de inteligência. “Onde não tem droga, não tem consumo. O trabalho tem que ser ininterrupto, a longo prazo. Vamos trabalhar incansavelmente, porque não é apenas coibir a chegada da droga. A Prefeitura precisa amparar essas pessoas, investir na assistência social, reinseri-las no mercado de trabalho”, diz. A “sintonia” entre GCM e as polícias de São Paulo também é uma promessa do deputado para a área da segurança pública. “É necessário que a GCM atue para ajudar o governo do estado, temos que investir nestes profissionais com concursos, equipamentos, monitoramento através de câmeras. Fornecer, também, um canal exclusive para que a PM fale com a GCM e com a Civil, para que as ocorrências possam ser atendidas com mais rapidez e eficiência. Hoje, as polícias não se fala, cada um tem um canal diferente. Eficiência é o segredo neste processo, porque segurança pública é fator vital para melhorar a vida das pessoas da nossa cidade”, acrescenta.
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