O corpo de Gerson Camata, ex-governador do Espírito Santo, foi sepultado na tarde desta quinta-feira (27) na região metropolitana de Vitória (ES). Ele foi assassinado a tiros, na quarta (27), pelo ex-assessor Marcos Venício Moreira Andrade, com quem brigava na justiça por danos morais, em resposta a uma denúncia de corrupção.
O velório de Camata foi aberto ao público por volta das 10 horas desta quinta, no salão do Palácio Anchieta, sede do governo estadual. Entre os presentes, estiveram o governador eleito, Renato Casagrande (PSB), e o atual, Paulo Hartung (MDB), que decretou luto oficial de sete dias no estado pela morte do colega de partido.
Biografia
Camata nasceu em Castelo (ES), atuou como jornalista e apresentador de rádio e se formou em economia pela Universidade Federal de Vitória. Em 1967, iniciou mandato como vereador na capital, sendo eleito deputado estadual quatro anos depois. Foi deputado federal de 1975 a 1983 e senador de 1987 a 2011. Governou o ES de 1983 a 1986.
Com atuação na Constituinte, defendeu a limitação do direito de propriedade privada, o mandado de segurança coletivo, a jornada semanal de 40 horas, o aviso prévio proporcional, a unicidade sindical, o voto aos 16 anos, o presidencialismo, a limitação dos juros reais em 12% ao ano e a criação de um fundo de apoio à reforma agrária.
Como parlamentar, ele se absteve das votações relativas ao turno ininterrupto de seis horas e à anistia aos micro e pequenos empresários. Era casado com Rita Camata, ex-deputada federal por cinco mandatos, que foi relatora do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei de Responsabilidade Fiscal. O ex-governador deixa dois filhos.
Assassinato
O ex-governador Gerson Camata foi assassinado a tiros na tarde de quarta-feira (26), em frente a um restaurante da Praia do Canto, em Vitória. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado para socorrê-lo, mas o emedebista não resistiu aos ferimentos e, aos 77 anos, acabou morrendo no local.
O autor dos disparos fugiu após o crime, mas foi localizado e detido em seguida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, onde prestou depoimento. Marcos Venício Moreira Andrade, de 66 anos, confessou ter sido o autor do crime que vitimou o político a quem assessorou por cerca de duas décadas.
Motivação
De acordo com o secretário estadual da Segurança Pública, Nylton Rodrigues, Camata movia uma ação judicial contra Marcos Venício e a justiça já havia determinado o bloqueio de R$ 60 mil do ex-assessor. O processo envolvia danos morais. Antes da ação, o agora assassino havia denunciado o antigo chefe por recebimento de “caixa dois”.
Em 2009, Marcos revelou durante entrevista que Camata recebia mesadas de construtoras enquanto senador e apresentava recibos falsos relativos a contas eleitorais, obrigando os funcionários a pagar, com os próprios salários, as despesas pessoais dele. “O autor do crime foi tirar satisfação, ao encontrar Gerson Camata na rua”, disse o secretário.
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