sábado, 1 de dezembro de 2018

Líderes do PCC têm de ser isolados, diz delegado anunciado por Doria

Os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) têm de ficar isolados dos outros presos no sistema penitenciário de São Paulo. Esta é uma das medidas defendidas pelo futuro delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, anunciado ontem pelo governador eleito João Doria (PSDB), para combater o crime organizado.

Chefe do Departamento de Narcóticos (Denarc), Fontes foi um dos primeiros delegados a investigar o PCC e é considerado um especialista na facção. Para ele, o atual regime prisional de lideranças criminosas em São Paulo seria “inadequado”. “Não podem ficar misturados com presos comuns no cárcere”, afirmou ao Estado. “Aqueles que lideram e que exercem influência nos demais membros que estão presos têm de ficar em um regime especial, como em outros países.”

Atualmente, a gestão do governador Márcio França (PSB) tem resistido à pressão do Ministério Público que quer a transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, maior chefe do PCC, para um presídio federal. O entendimento é de que seria mais fácil controlar os presos e evitar uma possível reação enquanto estiverem no sistema estadual.

Ontem, o governador eleito, João Doria (PSDB), afirmou que seria “implacável” no combate à facção, mas evitou informar se vai transferir os líderes. “Cabe ao governo atual qualquer decisão até 31 de dezembro”, disse. “Não temos nenhum temor das ações duras que passaremos a exercer em relação às facções, especialmente o PCC.”

Para Ferraz, porém, “não necessariamente” a solução estaria no cumprimento de pena em presídio federal. “A gente precisa de uma reorganização da legislação que permita exercer controle maior sobre a população carcerária, o que hoje não acontece. Não é porque os governantes não queiram, é porque efetivamente a lei proíbe.”

Questionado se medidas mais duras poderiam provocar reação do PCC, Fontes não demonstrou preocupação. “Eventual retaliação tem de ser debelada pelo Estado. Isso vai acontecer. Se a polícia precisar lidar com o assunto, vai lidar bem.”

Cúpula

Após escolher um general de Exército para chefiar a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Doria também anunciou ontem a criação de dois novos cargos para a pasta: o secretário executivo da Polícia Militar e o da Polícia Civil.

Ex-comandante-geral da PM, ex-vereador e deputado estadual, o coronel Alvaro Batista Camilo (PSD) vai assumir a recém-criada Secretaria Executiva da Polícia Militar. Ele ajudou a elaborar o programa de segurança de Doria e chegou a ser cotado para assumir a SSP.

Já na Polícia Civil, o cargo será ocupado por Youssef Abou Chahin, que foi delegado-geral de 2015 até abril, mas deixou o cargo após o atual governador, Márcio França, assumir o Palácio dos Bandeirantes.

Para o general João Camilo Pires de Campos, a criação dos novos cargos foi uma “solução espetacular”. “Eles serão meus grandes orientadores e consultores. Para os seus órgãos, que já conhecem bastante, serão os grandes facilitadores”, diz. Segundo afirma, os executivos serão seus “substitutos eventuais” e terão a função de estabelecer programas e projetos de segurança. “Posso discutir muita coisa com eles para que, depois, a gente chegue nas ações.”

Doria também irá manter no comando-geral da PM o coronel Marcelo Vieira Salles, nomeado por França em abril. Desde então, há bons resultados em índices de crimes patrimoniais, como roubos.

A nova cúpula das polícias, porém, ainda não tem membro da Polícia Técnico-Científica. “A falha é minha. Não tive tempo ainda de conversar com peritos”, disse o general Campos. “Será uma área extremamente prestigiada, são fundamentais para o processo de investigação.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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