O dólar fechou fevereiro com uma valorização de 2,58%, a maior alta mensal desde novembro, quando subiu 3,50%. O cenário externo mais adverso e dúvidas sobre a tramitação da reforma da Previdência foram um dos principais fatores que contribuíram para o fortalecimento da moeda americana nas últimas semanas.
Nesta quinta-feira, 28, declarações do presidente Jair Bolsonaro, de que é possível mudança na idade mínima de aposentadoria e de que há “gordura” para queimar na proposta de reforma, foram mal recebidas pelas mesas de operação, que viram na afirmação sinais de que o governo pode ceder demais para aprovar o texto. Com isso, o dólar fechou em alta de 0,62%, a R$ 3,7535, o terceiro pior desempenho entre os emergentes no mercado internacional, atrás apenas do peso da Argentina e do México.
Pela manhã, o dólar operou volátil, mas firmou-se em alta na hora do almoço, quando chegaram ao mercado as declarações de Bolsonaro.
Para o operador especializado em dólar Jefferson Laatus, do grupo Laatus, as declarações de Bolsonaro mostram que o governo está disposto a ceder antes mesmo de começar a tramitação do proposta de reforma no Congresso. Ele ressalta que o mercado havia gostado das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi enfático ao afirmar a intenção do governo de conseguir economia fiscal de R$ 1,1 trilhão com a reforma e, nesta quinta, Bolsonaro já sinalizou que não deve ficar nesse valor. A fala do presidente, aliada aos problemas já mostrados de articulação do governo no Congresso, indica que não deve ser fácil a tramitação do texto, ressalta ele.
Apesar das dúvidas sobre a Previdência, os estrangeiros reduziram as posições compradas em dólar nos últimos dias no mercado futuro, aquelas que apostam na alta da moeda. Somente entre quarta e terça-feira, elas foram reduzidas em US$ 1 bilhão. Com isso, o total caiu para US$ 33,2 bilhões nesta quinta, incluindo dólar futuro e cupom cambial, segundo a B3, um dos menores volumes desde início de dezembro. A visão das casas estrangeiras é de que haverá aprovação da reforma da Previdência este ano, apesar de alguns percalços. Nesta quinta, o banco americano JPMorgan ressaltou que segue otimista com o cenário brasileiro, por conta da promessa de Bolsonaro de medidas pró-mercado, que devem ajudar a melhorar a confiança dos agentes econômicos, com reflexos positivos no crédito e no consumo privado. O JP, porém, cortou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano de 2,3% para 2,1%, após os fracos dados de 2018.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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