Com dificuldade para encontrar respiradores, Estados e municípios pedem para que o governo federal centralize a aquisição do equipamento, parte essencial do tratamento de casos graves da covid-19.
Na última quinta, 26, o edital de compra dos primeiros 15 mil respiradores foi aberto pela pasta, mas os fornecedores já avisaram que não têm estoque para entrega imediata. O ministério chegou a elaborar uma versão prévia, prevendo a compra de outros 15 mil produtos do tipo “eletrônico portátil”, mas a versão final foi modificada.
A ideia dos gestores do SUS é evitar um leilão entre Estados e municípios pela compras de respiradores, o que só beneficiaria os fornecedores. O governo quer ainda ter o controle das vendas, para impedir que os equipamentos sejam distribuídos de forma desigual.
Secretários estaduais e municipais cobraram o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), pela distribuição dos produtos. Em reunião realizada na quinta, 26, eles argumentam que o Ministério da Saúde tem maior poder de compra e deve aproveitar para tentar preços mais baixos.
O SUS não quer proibir que o Estado busque os próprios produtos, mas o governo exige ser informado sobre aquisições, para evitar acúmulo de equipamentos, enquanto outro local, com mais casos, esteja desassistido.
Segundo dados da União, há cerca de 65 mil respiradores no país. Estão fora de uso 5,6% do total. O Sudeste concentra 33 mil unidades.
A corrida para aquisição de respiradores criou uma disputa entre as esferas municipal, estadual e federal. Hospitais da rede privada também reclamam de ordens desencontradas para recolhimento de produtos, e ameaçam inviabilizar o atendimento de pacientes, além de expor equipes de saúde à contaminação por falta de insumos.
O governador João Dória (PSDB) reclamou sobre o confisco dos equipamentos diretamente com o ministro Luiz Herique Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro. Em videoconferência, Doria prometeu ir à Justiça para evitar o bloqueio dos produtos. “Não faz nenhum sentido confiscar equipamentos e insumos. Se essa questão for mantida, tomaremos medidas necessárias no ramo judicial.”
Em resposta a Doria, Mandetta defendeu as compras centralizadas. “No momento que temos um encurtamento de respiradores, fizemos o movimento para centralizar e para poder descentralizar de acordo com a epidemia”, disse. Segundo o ministro, além de importações, a ideia é que quatro fábricas no Brasil produzam até 400 respiradores por semana. “Vamos conseguir assim abastecer todos os Estados. Não adianta cada local querer montar todos os aparelhos esperando casos. A gente vai mandando de acordo com a realidade de cada caso.”
* Com Estadão Conteúdo
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