segunda-feira, 30 de março de 2020

Diferença de tom entre Bolsonaro, Guedes e Mandetta sobre coronavírus confunde

A diferença de tom no discurso do presidente Jair Bolsonaro e da equipe do Ministério da Saúde foi reforçada no fim de semana. O chefe do Executivo mantem a posição contraria ao isolamento social promovido por governadores e prefeitos — defendendo que o comercio considerado não essencial volte a funcionar normalmente.

Bolsonaro aproveitou o domingo (30) para dar uma volta em cidades satélites do Distrito Federal, contrariando as recomendações da OMS.

Em Ceilândia, parou para tirar selfies com apoiadores provocando pequenas aglomerações. Em Taguatinga, conversou com um vendedor ambulante, voltou a criticar a paralisação da economia e ressaltou o uso da cloroquina para tratar pacientes infectados pelo novo coronavírus.

O presidente também foi ao Hospital das Forças Armadas, de acordo com ele para observar o fluxo das pessoas no local. Na volta ao Palácio, Bolsonaro disse que pensa em editar um decreto para que todas as profissões voltem a trabalhar.

As diferenças no combate ao corona aparecem dentro do próprio Planalto. Em entrevisto ao jornal Folha de S. Paulo, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que está havendo uma falta de coordenação das ações entre o governo federal e os estados.

Já para o ministro da Economia, Paulo Guedes, se o isolamento não funcionar em dois meses vai ter que liberar porque a economia não pode parar. Guedes também afirmou que, como economista, gostaria que a produção voltasse rapidamente. Mas, como cidadão, quer ficar em casa e manter o isolamento.

Segundo o presidente Jair Bolsonaro, vale a palavra dele. “O resto é fofoca”, disse.

No fim de semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou a preocupação de Bolsonaro em proteger a economia dos impactos da pandemia. Por outro lado, ele fez críticas a carreatas que aconteceram pedindo a volta do comercio.

Nas palavras do ministro, os que hoje fazem carreata serão os mesmos que ficarão em casa daqui duas ou três semanas. Mandetta também defendeu o distanciamento social para que o sistema de saúde tenha tempo de se preparar para a demanda de pacientes.

De acordo com o ministro, o Ministério também busca um consenso entre governo, estados e municípios sobre quais medidas tomar contra o coronavírus. Ele pretende se reunir nesta semana com secretários estaduais de Saúde em busca de um lugar comum.

Ele já classificou como desarrumada a forma como as medidas foram tomadas até o momento.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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