quarta-feira, 26 de junho de 2019

Na Câmara, Greenwald diz que Moro usa ‘tática cínica’ para enganar população

O jornalista Glenn Greenwald, editor fundador do site The Intercept Brasil, que vazou conversas atribuídas ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e a procuradores da Lava Jato, defendeu a autenticidade das mensagens. Em audiência na comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (25), ele criticou o ex-juiz que, segundo ele, utiliza uma “tática cínica” para enganar a população.

Greenwald reiterou a opinião de que Moro infringiu a lei. “Sergio Moro não, às vezes, ultrapassou a linha da ética, nem quebrou, às vezes, o código de ética. O tempo todo o chefe dos procuradores e força tarefa da Lava Jato era Sergio Moro”, afirmou.

A maioria dos oradores ao longo das quase sete horas de sessão foi de deputados de oposição, com falas de apoio ao jornalista. Os momentos mais acirrados foram de falas de governistas.

Além de defenderem o ministro, acusaram o jornalista de ter cometido um crime pelas mensagens roubadas de celulares envolvidos nas reportagens, como fez a deputada Katia Sastre (PSL). “Quer investigar, julgar, uma postura perfeita de um ministro. Quem deveria ser julgado, condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o hacker, cometeu crime”, afirmou.

Parlamentares também questionaram a veracidade das mensagens e a forma como tem sido divulgadas. A deputada Carla Zambelli (PSL) disse que ou Glenn Greenwald era mentiroso ou criminoso. “Então, de um lado, se o senhor não provar essas afirmações, elas são mentirosas e o senhor é mentiroso. Se o senhor provar, o senhor é criminoso, porque o senhor invadiu o celular de alguém que não poderia. Porque falar do Moro, pedir sua renúncia, é uma cara de pau vir aqui falar isso”, falou.

O editor do Intercept voltou a negar que tenha cometido crime. “Vossa Excelência não tem evidência nenhuma para essas acusações. Você é criminoso, você cometeu crimes graves, você deve ser preso. Onde está a sua evidência?”, questionou, lembrando que, se fosse nos Estados Unidos, Moro estaria preso e teria sido afastado da magistratura.

Ele também preferiu não revelar o quanto ainda tem de material, mas indicou que virão novas reportagens. “Áudios, vídeos, fotos e documentos compartilhados no aplicativo. Então nós começamos a reportar há duas semanas atrás. Áudios são muito difíceis de reportar, mas com certeza vamos soltar quando o material estiver pronto jornalisticamente”, disse.

Membros da comissão de Segurança Pública da Câmara, ligados a chamada “Bancada da Bala”, também pretendem convidar Greenwald à prestar esclarecimentos. O jornalista não respondeu se vai.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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