Centenas de pessoas participaram de uma manifestação de resistência organizada por funcionários públicos em Hong Kong. Essa é a nona semana consecutiva de protestos na cidade chinesa semiautônoma.
Muitos usavavam máscaras cirúrgicas para esconder a identidade, depois que o governo afirmou que os funcionários públicos deviam total lealdade ao Executivo e a quem o lidera. O governo chinês também disse que eles poderiam ser punidos por participar dos protestos.
Nesse sentido, o secretário chefe de Administração, Matthew Chung, declarou que utilizar o nome do conjunto de funcionários para fazer queixas contra as autoridades “dará uma impressão errada de que há uma divisão de pontos de vista ou enfrentamentos dentro do governo”.
As ameaças foram feitas depois que os funcionários públicos enviaram uma carta aberta anônima à líder de Hong Kong, a executiva-chefe Carrie Lam.
Eles escreveram no documento que, como funcionários públicos, estão profundamente envergonhados do que o governo vem fazendo
A carta foi uma resposta à tentativa de Lam de aprovar uma lei que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong à China continental. Após protestos violentos, ela suspendeu a proposta, mas ainda não a retirou da pauta.
“Não temos uma postura política, mas queremos que o governo escute as pessoas. Me ofende bastante o comunicado do governo. Alguns funcionários que conheço não tinham certeza se viriam e decidiram se unir depois de ler o documento”, afirmou Wan, que foi funcionária por mais de 20 anos. “Me senti pressionada. Um antigo chefe sugeriu que não comparecesse pelo bem da minha carreira”, continuou ela.
Outra funcionária pública, que prefere ser identificada unicamente como K, acredita que a situação política em Hong Kong piorou muito ultimamente e considera “triste” que o governo não tenha tomado “nenhuma ação positiva para fazer frente às queixas e reivindicações das pessoas”.
“É um sinal de um governo extremamente ruim que não tinha sido visto até agora. E pior, o governo está tentando ameaçar e silenciar as pessoas que pedem soluções aos problemas”, lamentou ela. Na opinião de K, o fato de o conjunto de funcionários — composto principalmente de “gente favorável ao governo, conservadora e de classe média”– ter decidido protestar publicamente é “uma bofetada no alto escalão”, o que espera que lhes force a responder “de forma apropriada” às reivindicações.
A Justiça de Hong Kong se transformou nesta semana em protagonista da crise depois que a polícia acusou formalmente 44 pessoas de revolta, crime que pode acarretar entre cinco e dez anos de prisão, embora todos menos um, que não compareceu, ficaram em liberdade sob fiança até a próxima audiência, prevista para 25 de setembro.
Este foi um novo capítulo das manifestações que começaram no começo de junho em Hong Kong contra uma controversa proposta de lei de extradição, que derivaram para reivindicações mais amplas sobre os mecanismos democráticos do território, cuja soberania a China recuperou em 1997 com o compromisso de manter até 2047 as estruturas estabelecidas pelos britânicos.
Além disso, soaram os alarmes entre as forças pró-democráticas depois que a guarnição do exército chinês no território publicou um vídeo na quarta-feira no qual aparece os soldados fazendo treinamentos contra distúrbios e um deles gritando “As consequências serão por conta e risco de vocês” em cantonês, idioma mais utilizado em Hong Kong.
Outros três protestos estão marcados para este final de semana e para segunda-feira.
*Com informações da Agência EFE
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