Quase 20 dias depois da morte de Jeffrey Epstein, 23 mulheres que afirmam ter sido vítimas do milionário prestaram depoimento em um tribunal de Nova York. O homem aguardava julgamento por abuso e tráfico sexual de menores quando cometeu suicídio dentro de uma cela no Centro Correcional Metropolitano.
Após o incidente, os promotores federais responsáveis solicitaram o arquivamento do caso, uma decisão que requer autorização de um juiz. Antes de acatar o pedido, o magistrado Richard Berman decidiu agendar uma audiência para que as vítimas tivessem a oportunidade de serem ouvidas. A maior parte das mulheres disse que, ao se matar, Epstein roubou delas o direito de Justiça.
Shawntae Davies relatou que foi chamada para fazer uma massagem no milionário, o que virou para um estupro. “Eu tentei me soltar, mas ele já estava tirando o meu shorts e colocando o corpo dele embaixo do meu. Eu procurava por palavras, mas tudo que eu consegui falar foi um fraco ‘não, por favor, pare’. Isso parecia excitá-lo mais. Ele continuou me estuprando e, quando terminou, entrou no banho. Eu coloquei a minha roupa e corri o mais rápido que pude de volta para casa, com os meus pés sangrando por causa das pedras.”
De acordo com as investigações, Epstein recrutava garotas que trabalhavam no resort Mar a Lago, pertencente a família do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O estabelecimento fica em Palm Beach, na Flórida, estado que há onze anos considerou Epstein culpado pelos crimes de abuso e tráfico sexual de menores.
Uma das principais vozes nas acusações contra o milionário contou que foi recrutada no resort. Virgina Giuffre afirma que foi manipulada a ser escrava sexual de Epstein por vários anos.
Mesmo com a morte do abusador, a mulher disse que vai continuar lutando para que a Justiça seja feita.”Eu fui recrutada muito nova no Mar a Lago e presa em um mundo que eu não entendia. Eu venho lutando contra esse mesmo mundo até hoje e não vou parar, nunca serei silenciada até que essas pessoas sejam levadas à Justiça.”
Virginia afirmou que foi paga para ter relações sexuais com o príncipe Andrew, que nega as acusações. Ao ser questionada sobre o assunto, ela disse que Andrew sabe exatamente o que fez e espera que ele confesse o abuso.
As vítimas que foram ao Tribunal nesta terça-feira (27) fizeram um apelo para que o caso continue sendo investigado. A advogada de uma das acusadoras, Gloria Allred, disse que a morte de Epstein não acaba com a luta pela justiça. “A morte de Jeffrey Epstein, seja por suicídio ou assassinato, não conclui o caso. Não termina a luta delas por justiça. Não acaba com o sentimento de que elas foram manipuladas e vitimadas.”
Mesmo com o arquivamento do caso contra Epstein, os promotores federais garantiram que vão continuar investigando co-autores, abusadores e funcionários do milionário que facilitaram os crimes.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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