Após as críticas do presidente Jair Bolsonaro ao isolamento por causa do coronavírus, o governo federal lança a campanha O Brasil não pode parar. Em postagem na conta oficial do governo no Instagram, foi dito que a quarentena deve ser mantida apenas paras as pessoas em grupo de risco — principalmente os idosos.
A mensagem afirma que, no mundo todo, são raros os casos de coronavírus em que há vítimas fatais da doença entre jovens e adultos.
O Planalto diz ser preciso voltar à normalidade “com cuidado e consciência”. Segundo o governo, é recomendado às pessoas saudáveis distanciamento, atenção redobrada e muita responsabilidade.
A orientação pelo isolamento parcial da população contraria recomendações da Organização Mundial da Saúde e as medidas adotadas por outros países.
Santa Catarina
O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, do PSL, anunciou um plano para retomada gradativa, a partir da próxima semana, das atividades que estavam paradas por causa da quarentena. A ideia é minimizar os efeitos do isolamento social na economia catarinense.
Até o momento, o estado tem 149 casos de coronavírus e foi confirmada a primeira morte por covid-19 nesta quinta-feira (26). Depois da decisão de Carlos Moisés, uma carreata em Balneário Camboriú “comemorou” o anúncio. Veículos participaram do buzinaço pela principais avenidas da cidade.
Paraná
Em Maringá, no Paraná, um grupo de comerciantes e moradores também realizou um buzinaço, mas em protesto contra o decreto municipal que prevê o fechamento do comércio da cidade por 30 dias.
Quinze entidades que representam vários segmentos empresariais assinaram um manifesto pedindo que seja realizada uma reabertura gradativa das atividades para “evitar um colapso econômico e social”.
Em Curitiba, o grupo Acampamento Lava Jato e um funcionário da Assembleia Legislativa convocaram para hoje, às 13 horas, uma carreata contra a quarentena determinada pelo governador Ratinho Junior.
Igrejas
Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro incluiu templos religiosos entre os setores considerados essenciais, permitindo a realização de cultos. Depois do decreto, várias entidades e autoridades religiosas se posicionaram.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil disse que vai continuar considerando as orientações do Ministérios da Saúde, que indicam o distanciamento social. Aos bispos foi comunicado que as igrejas podem permanecer abertas, porém do modo como tem sido feito até agora, apenas para orações individuais e transmissões online.
Segundo o documento, “não há como entender que os instrumentos legais possam obrigar a reabertura das igrejas, muito menos para a prática de qualquer tipo de aglomeração”. O arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal Dom Odilo Scherer, classificou a situação como uma “severa crise sanitária”.
Dom Odilo informou que permanece em vigor a suspensão de todas as celebrações e outros eventos pastorais e religiosos com participação de povo. s cerimônias devem ser realizadas privadamente pelos religiosos, podendo ser transmitidas pelas mídias sociais e pelos diversos meios de comunicação.
O cardeal também disse que os católicos devem acolher as orientações das autoridades sanitárias, colaborando com a preservação da saúde da população e o cuidado dos enfermos.
Em relação ao período da Páscoa, Dom Odilo Scherer disse que ele não se suprime nem se adia, mas deve ser feito nas condições possíveis. Sacerdotes foram orientados a transmitir ao vivo celebrações aos paroquianos.
A Federação das Associações Muçulmanas do Brasil também se posicionou, dizendo que o Islã tem como premissa absolutamente essencial a preservação da vida.
O entendimento da entidade é que a ciência não é incompatível com a fé e que não há dúvidas sobre a decisão de recomendar a suspensão das reuniões, fundamentalmente, as orações em congregação.
O vice-presidente da FAMBRAS, Ali Zoghbi, reafirmou que a decisão está alinhada com as autoridades religiosas de todo o mundo.
Na quarta-feira, antes do decreto, a Aliança Cristã Evangélica Brasileira determinou que os fiéis sigam rigorosamente as instruções de isolamento social ou quarentena. Também foi recomendado que as pessoas evitem aglomerações, realizando cultos à distância e atendimento aos membros via redes sociais e telefone.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni
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