A tentativa do governo britânico de oferecer refúgio para milhões de cidadãos de Hong Kong provocou forte reação do governo chinês. A embaixada do país asiático em Londres não demorou para se manifestar sobre a oferta de Boris Johnson aos habitantes da ex-colônia britânica. A representação diplomática se manifestou nesta quinta-feira (2) alegando se opor firmemente ao gesto de Johnson e ainda prometeu tomar as medidas cabíveis para evitar que o movimento se concretize.
A Europa como um todo reagiu muito mal à nova lei de segurança nacional que Pequim impôs a Hong Kong nesta semana. A movimentação para interromper os protestos que tomam conta da cidade há mais de um ano é vista como uma intervenção chinesa no estilo de vida do hub financeiro, que foi colônia britânica entre 1841 e 1997.
Os conservadores britânicos ofereceram dar refúgio para os cidadãos de Hong Kong que decidirem deixar o país insatisfeitos com as medidas de Pequim. Na prática, a oferta de Boris Johnson pode se estender a 3 milhões de habitantes da cidade, que é uma das duas regiões administrativas especiais da China. Embora haja comoção generalizada no Ocidente contra as atitudes de repressão em Hong Kong, não está muito claro o porquê do governo britânico demonstrar tanta generosidade neste momento.
Antes de mais nada é preciso lembrar que à época da devolução do controle de Hong Kong para a China na década de 1990, os próprios conservadores britânicos não demonstraram interesse em receber ninguém de Hong Kong — nem os servidores mais próximos do poder colonial. Foi oferecido apenas um passaporte específico para os residentes da ilha que dá acesso a rede consular britânica ao redor do mundo, mas não o direito de morar e trabalhar na Grã Bretanha. Sem contar no fato de que as portas migratórias das terras de Elizabeth Regina estão sendo fechadas há tempos. E abri-las para 3 milhões de pessoas agora é no mínimo uma contradição considerando que este é o mesmo número de europeus que vivem por aqui.
Portanto, parece evidente que o governo de Londres tem como real intenção provocar a China. Só não se sabe exatamente por que nem o que se pretende atingir com isso. Talvez seja um favor para a Casa Branca. Ou uma reação dentro do contexto do Covid-19. Ou ainda das disputas mundiais sobre o 5G. Como tudo no governo de Boris Johnson, as reais intenções não estão nada claras.
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