Após dias de trocas de farpas entre governo e Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), começa a semana em aparente trégua com o governo. Ao comentar o bloqueio de quase R$ 3 bilhões em emendas parlamentares anunciado na semana passada, Maia disse que o corte se deve à frustração de receitas e não é uma retaliação aos parlamentares, que aprovaram em tempo recorde uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que engessou ainda mais o Orçamento. “Não (é uma retaliação). É mais uma frustração da arrecadação. Apenas isso”, afirmou Maia.
Depois de muita discussão pública com o presidente Jair Bolsonaro, Maia se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e eles decidiram liderar a articulação política em torno das pautas da agenda econômica no Congresso.
Pelo acerto, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Guedes se comprometeu a receber grupos de parlamentares para discutir a reforma da Previdência, enquanto Maia garantiu que vai acelerar a tramitação da proposta.
Saia justa. A promessa de que o contingenciamento não incluiria as emendas parlamentares havia sido feita pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Apesar da tentativa de Maia de colocar panos quentes na discussão, o corte incomodou líderes partidários ouvidos pelo Estado nos últimos dias.
“É retaliação sim. O governo quer desgastar a imagem do Congresso com a população e está esgarçando ao máximo a corda”, afirmou o líder do Podemos, José Neto (GO).
Líder do Solidariedade, o deputado Augusto Coutinho (PE) disse que o corte de emendas é uma sinalização errada do governo ao Legislativo. “Atos como esse minam a confiança do Parlamento no governo”, disse.
O termômetro para uma agenda positiva na Câmara será sentido nesta terça-feira, na próxima reunião de líderes, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem.
Além do contingenciamento, os parlamentares devem discutir uma agenda paralela ao Executivo para dar mais protagonismo à Casa.
*Com Estadão Conteúdo
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