Em entrevista à Jovem Pan, o presidente do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Marcos Lisboa, comentou a aprovação da reforma da Previdência na semana passada. Para ele, essa deve ser apenas a primeira de uma agenda muito maior de reformas que é necessária para a retomada da economia do país.
“O Brasil dos últimos 20 anos cresceu muito pouco na comparação com os demais países emergentes. Enquanto alguns mais que dobraram sua renda nesse período, o Brasil andou muito de lado em boa parte dessas duas décadas e, nos últimos anos, ficamos, inclusive, mais pobres. Ter uma agenda importante de reformas para que o Brasil volte a crescer. A Previdência é o primeiro de muitos passos para botar as contas públicas em ordem e está mais do que na hora de começar uma agenda para permitir a retomada do investimento privado e o crescimento da renda e do emprego”, disse.
Questionado sobre a reforma tributária, que foi deixada para o ano que vem, Lisboa afirmou que há outras medidas mais importantes e que devem ser passadas à frente. “Agora, essa agenda acabou atrapalhada porque, enfim, não houve um entendimento, grupos de interesse com medo de pagar mais imposto, e acabou atropelando. Tem uma agenda, neste momento, mais urgente, que é acertar as contas públicas dos Estados. Então está na pauta do dia uma reforma administrativa, que é urgente, e como é que vamos evitar a continuar o crescimento acelerado dos gastos públicos, em particular dos Estados e municípios, que vários estão em situação falimentar, incapazes de cumpri suas obrigações básicas de saúde, educação e segurança.”
Ele avaliou que mudanças como a reforma da Previdência são boas, mas que são sempre feitas em cima da hora. De acordo com ele, as reformas precisam ser urgentes. “A crise está forçando a acontecer. O Brasil é um país que tem uma boa notícia, reage, faz as reformas. Mas parece que é preciso chegar quase no fundo do poço para fazer as reformas. O fim da hiperinflação foi assim: eu preciso chegar em uma inflação de 80% ao ano para acertar contas públicas e estabilizar a economia. Agora foi preciso essa crise monumental para que nós fizéssemos a reforma da Previdência. Então o Brasil avança com a agenda de reformas, mas parece que a gente gosta sempre de esperar o último minuto. Isso tem um custo imenso para o país em termos de crescimento da renda e do emprego.”
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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