segunda-feira, 29 de junho de 2020

Período de imunização de possível vacina contra a Covid-19 ainda é desconhecido, afirma especialista

O período de imunização de uma possível vacina contra a Covid-19, em desenvolvimento pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, é ainda desconhecido, explica o diretor do Laboratório de Imunologia do Incor (Instituto do Coração), Jorge Kalil. Segundo ele, os “coronavírus têm uma fama de uma resposta pouco duradoura”, ou seja, pouco a pouco os indivíduos começam a perder imunidade adquirida.

“A gente, por enquanto, não sabe [sobre o potencial período de imunização]. Precisa realmente da experimentação para ter uma ideia. Existem parâmetros que se utilizam em laboratório que indicam que estamos induzindo células de memória, mas isso, na prática, tem que ser comprovado na vida normal”, afirmou.

Em entrevista ao Jornal da Manhã desta segunda-feira (29), Jorge Kalil, que também é professor titular da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, contou que pesquisadores estão analisando possibilidades e variações para “induzir uma memória mais duradoura” da vacina. No entanto, de acordo com ele, as pesquisas “são apenas teorias que estão sendo comprovadas na prática”.

No final de semana, o Ministério da Saúde anunciou parceria com o laboratório AstraZeneca para a produção de um imunizante contra o coronavírus. A expectativa é de que cerca de 30 milhões de doses sejam produzidas até o início de 2021. No momento, de acordo com o Kalil, a vacina em questão passe pela etapa de teste clínico, também conhecida como “Fase 3”, em que pessoas recebem o imunizante testado, enquanto parte do grupo estudado recebe um placebo. Após o período de vacinação, haverá a fase de observação dos pacientes para confirmar se houve a imunização.

“[Com o teste clínico] a gente observa se realmente o vacinados não contraíram a doença. Se isso for positivo, aí pode haver a licença para que a vacina seja distribuída para a população. Aí tem que ser produzidas as doses e parece que a AstraZeneca está produzindo um grande número mesmo antes de saber se a vacina vai funcionar ou não. E então as doses serão vendidas para o Brasil em um primeiro momento. Depois a AstraZeneca vai passar a tecnologia para o Brasil para fazer o envazamento e distribuição”, finaliza o diretor.

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