segunda-feira, 27 de julho de 2020

PCC quer estabelecer a África como entreposto do tráfico

No dia 13 de abril deste ano, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho, saiu do quarto de hotel de luxo onde morava para fumar um cigarro olhando o movimento das ruas de Maputo, capital de Moçambique, na África. Ele mal sabia que, naquele momento, estava sendo vigiado por autoridades brasileiras e teria os últimos segundos de liberdade depois de 21 anos foragido da Justiça. Fuminho é considerado por investigadores um dos principais fornecedores de cocaína da facção criminosa PCC, o Primeiro Comando da Capital, para países da Europa.

Mais do que a prisão de um “braço direito” do líder máximo da facção, Marcos Willian Herbas Camacho, o Marcola, a detenção de Fuminho confirmava uma suspeita de investigadores brasileiros. O continente africano é o novo alvo da maior facção criminosa brasileira para expandir o comércio de drogas e se esconder da Justiça, conforme explica o promotor Lincln Gakyia, do ministério público de São Paulo. Gakiya, que investiga o PCC há 15 anos, diz que a facção só não é considerada uma máfia porque ainda não conseguiram lavar o dinheiro do crime de forma mais refinada, principalmente no exterior. Segundo o promotor, o grupo já está lavando dinheiro utilizando doleiros envolvidos em casos de corrupção da Operação Lava Jato. Atualmente, a maioria das investigações sobre o PCC seguem em sigilo. Ainda segundo o promotor, os investigadores brasileiros tentam, com a ajuda de autoridades internacionais, seguir o rastro do dinheiro da facção e brecar a disseminação.

*Com informações do repórter Leonardo Martins 

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