domingo, 31 de maio de 2020

Aumento do home office abre possibilidade de ‘modelo híbrido’ na retomada

Prática de trabalho já adotada por muitas empresas, mas um grande tabu para outras, o trabalho remoto — o chamado home office — deve se tornar ainda mais popular após a pandemia da covid-19.

Ao contrário do que muita gente pensa, isso não é tão simples como parece: exige mais foco, organização e disciplina por parte do trabalhador. Do lado da empresa, é preciso ter confiança no funcionário e a certeza de que a produtividade não vai ser afetada.

De acordo com dados da Toluna, que mostra as principais mudanças nos hábitos e comportamentos dos brasileiros após a pandemia, 63,6% das pessoas acreditam que o trabalho remoto irá se manter mesmo após a crise. Por isso, empresas que ainda tinham resistência em aceitar a modalidade precisaram se reinventar e vencer preconceitos tecnológicos.

No caso da HLB Brasil, empresa global de auditoria, consultoria e outsourcing, uma pesquisa interna indicou que 85% dos colaboradores ficaram satisfeitos com a adoção do tipo de trabalho, até então inédito para os funcionários. 

A volta para os escritórios vai ser faseada e a empresa está elaborando um manual de boas práticas para o retorno. Além disso, vão voltar, primeiro, de 20% a 30% dos colaboradores entre aqueles que não pertencem aos grupos de risco e não têm filho em idade escolar.

Mas de acordo com o gerente de RH da empresa, Felipe Pirajá, eles estudam a viabilidade de continuar com o home office após a pandemia. “Queremos manter de forma híbrida: mesclando o trabalho de casa e a ida ao escritório.”

Enquanto isso, a empresa se reinventa: com o objetivo de manter a sinergia entre as equipes, a HLB organizou concursos de vídeo no aplicativo Tik Tok, ginástica laboral online e palestras, além de abrir canal com psicólogas para orientar os funcionários.

Saúde mental importa

Cuidar da saúde mental dos funcionários também é uma preocupação da BDO Brazil. Por lá, o home office também é uma prática adotada há pouco tempo. O presidente da empresa, Raul Corrêa da Silva, declarou a preocupação com os funcionários — principalmente os que moram sozinhos.

 “A vida, mesmo com a pandemia, continua sendo de relacionamentos. Até para os que estão com as famílias, é muito estressante ficar em casa. Nem sempre existem as melhores condições para trabalhar assim”, disse. 

De acordo com ele, o maior desafio é garantir o foco dos colaboradores e, ao mesmo tempo, não deixar os horários bagunçados. Mas a prática também deve ser adotada de forma híbrida.

“O retorno virá de uma forma distinta. Quando retornarmos, já não será mais vir cinco dias para o escritório. O home office, em um primeiro momento, é totalmente produtivo, mas depois corre risco de relaxamento. É natural do ser humano. Acredito que teremos uma forma híbrida de trabalho.”

“Ambiente do trabalho” em casa

No caso do Banco BMG, por exemplo, a empresa diz que avançou “52 semanas em 4”. Para o home office, eles disponibilizaram aos funcionários a possibilidade de levar tanto a cadeira quanto o computador de trabalho para casa.

“O home office era algo pensado, mas não tínhamos na prática. Fomos de nada para 98% trabalhando assim — e bem, com alta produtividade. A implementação foi muito rápida e notamos que o que existiam eram barreiras psicológicas”, disse a presidente da empresa, Ana Karina Bortoni Dias.

A ideia deu tão certo que deve ficar a longo prazo, pelo menos em um modelo também híbrido, mesclando a ida ao escritório com o home office de 0 a 3 dias, pelo menos. 

“Falamos de 0 a 3 dias porque tem gente que não gosta de trabalhar de casa e é preciso respeitar. Tudo o que é imposto é ruim, por isso queremos manter a flexibilização”, completou Karina.

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