Considerados essenciais pelo presidente Jair Bolsonaro, as academias e os salões de beleza encontram entraves para funcionar pelo Brasil. Alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Ceará não acataram as recomendações federais e pediram para os serviços manterem as portas fechadas.
Além disso, as pessoas também estão inseguras em utilizar objetos compartilhados. De acordo com um estudo da Toluna, que aponta o que será tendência na vida dos brasileiros após a quarentena, 57,5% dos entrevistados não pretendem voltar a frequentar academias antes da criação de uma vacina para a covid-19.
A decisão teria uma explicação prática: esses ambientes costumam concentrar muitas pessoas em espaços fechados e, em geral, incluem revezamento de equipamentos.
O infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Hélio Bacha, destacou que os ambientes fechados são seguros fora de uma pandemia, mas que evitar aglomerações e deixar o ar circular por janelas abertas são hábitos que devem ficar a longo prazo.
“Nós tínhamos a impressão de que o vírus seria menos disseminado em ambientes mais temperados. Mas a covid-19 não tem isso, não. Já as máscaras não acredito que virem tendência, já que o Ocidente se adapta mal a elas”, alertou Hélio.
Com isso, educadores físicos estão recorrendo à oferta de aula online e aluguel de equipamentos para tentar manter os clientes durante a pandemia. Michelle Ribeiro, da Meridian FIT, academia com unidade na Zona Sul de São Paulo e outra e São Bernardo do Campo, dá aula diariamente por meio do aplicativo Zoom.
Ela também disponibiliza treinos no Youtube — o canal se chama MeridianFlix. Algumas das alunas que já frequentavam aulas assiduamente, de acordo com ela, aderiram ao modelo virtual.
“Estamos com uma média de 50% de adesão aos exercícios em casa. Verificamos que as pessoas estão com muita dificuldade para se manterem motivadas e a falta de contato com as outras pessoas, além do desânimo, as impedem de manter uma rotina correta de exercícios físicos.”
Para a volta, Michelle admite que muita coisa vai mudar. “Tudo será muito diferente. Haverá limitação de alunos por horário e espaço e algumas atividades serão adaptadas. Faremos controle de entrada mais rígido, com medição de temperatura, e continuaremos com assessoria à distância para os grupos de risco.”
Já o renomado MG Hair Design, do cabeleireiro e empresário Marco Antônio de Biaggi, aposta nas lives e no IGTV para continuar produzindo conteúdo para suas clientes. Até agora já foram 45 transmissões ao vivo.
Um vídeo publicado na semana passada, que mostra a transformação de um cabelo loiro em ruivo, já soma mais de 83,2 mil views no Instagram. “Dá trabalho porque preciso pesquisar, tem dia que faço duas lives, mas gosto bastante e elas estão bombando”, diz Marco.
O salão, que fica no Jardim América, em São Paulo, está fechado. Porém, continua vendendo os serviços por meio de vouchers que poderão ser utilizados após a liberação por parte do governo estadual — seja no atendimento no próprio espaço ou em domicílio.
“É uma maneira de atraí-las e entrar dinheiro no caixa. E temos duas opções: podemos dar um super desconto ou oferecer um serviço. Por exemplo: faz uma química e ganha uma super hidratação. Muitas preferem isso do que o desconto.”
De acordo com uma postagem no Instagram do salão, o serviço em casa vai contar com “toda a segurança e higiene possível conforme orientado pela OMS”. Serão disponibilizados para o atendimento máscaras, luvas, álcool em gel, avental, propé (sapatilha descartável), materiais 100% esterilizados, higienizados e descartáveis.
“Para a nossa retomada, nós vamos reabrir tomando todas as medidas recomendadas pela OMS. Algumas já faziam parte do nosso protocolo de atendimento, mas vamos adotar outras como disponibilizar álcool em gel em todas as bancadas, áreas comuns, além do tapete de cloro na entrada e o agendamento limitado respeitando o espaçamento de quatro metros, entre outras coisas.”
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