O pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes, que também é coordenador do sistema Infogripe, afirmou que diminuir o isolamento social pode facilitar a transmissão de outras Síndromes Respiratórias Aguda Grave (SRAG), além da Covid-19.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, ele alertou para a chegada do inverno, que, historicamente, é o período com mais casos de SRAG. Isso acontece porque, no frio, as interações pessoais acontecem mais em espaços fechados.
Por mais que no Sudeste o vírus da Covid-19 desacelere, o pesquisador afirma que ainda é preciso ficar em alerta. “O vírus ainda circula, ele não foi embora. Temos que ter cuidado e monitorar os dados constantemente, porque eles estão relacionados às medidas de isolamento. No que temos visto em outros países, sempre que há um afrouxamento da quarentena tem também aumento dos casos na semana seguinte.”
Marcelo sinalizou que a Fiocruz faz recomendações baseadas na epidemiologia e saúde, não quanto à economia. Porém, o ideal seria encontrar uma maneira de balancear a contenção da doença e manter a atividade econômica ativa. “Não é ou um ou outro. Temos que encontrar maneiras de equilibrar.”
De acordo com o coordenador do Infogripe, o recomendável seria que os órgãos públicos possam dar suporte financeiro para a adesão do isolamento ser maior. “Quem tem emprego estável tem condições de manter o trabalho e o salário mesmo estando em casa. Para outros é mais difícil. Precisamos de uma combinação de forças.”
Relação com a Covid-19
Uma outra preocupação, de acordo com Marcelo, é quanto ao aumento considerável de registros de SRAG no mesmo período em que os casos de infecção pelo novo coronavírus começaram a aparecer no Brasil.
“O que a gente reparou no começo de março é que houve justamente um crescimento estrondoso no caso de SRAG com uma mudança na faixa etária. O que antes atingia mais crianças pequenas e idosos, agora na faixa dos 30 anos tem bastante registro. Isso foi um indicativo de que esse monitoramento do Infogripe era capaz de identificar novos casos da Covid-19 sem exame laboratorial.”
Marcelo Gomes explicou que os sintomas das SRAG são parecidos e, por isso, logo que o paciente dá entrada no hospital ele é identificado com ela. Apenas depois são feitos exames específicos.
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