Ainda que o ensino à distância já tenha se tornado popular no Brasil há alguns anos, principalmente no ensino superior, a pandemia da covid-19 acelerou esse processo em níveis mais básicos da educação.
Diante das incertezas sanitárias, as escolas — da esfera pública e privada — tiveram que se reinventar e adaptar todo o conteúdo letivo para plataformas online. O que para alguns pode ser uma facilidade, para outros é um grande desafio.
A diretora acadêmica da Maple Bear, rede de ensino canadense com unidades no Brasil, Cintia Sant’Anna, destaca que a autonomia dos alunos é fundamental para que o EAD dê certo, principalmente no ensino infantil.
Portanto, o envolvimento da família é essencial para criar o contexto dos estudos e o jovem sentir o impacto da menor maneira possível. O especialista em gestão educacional Renato Casagrande, entretanto, orienta que há um limite.
“O papel do pai e da mãe não é no conteúdo. A escola precisa ter a comunicação acessível e as atividades precisam ser didáticas para que o jovem consiga trabalhar sem a presença dos pais. O papel deles é organizar o ambiente de estudo e permitir um ambiente adequado, além de orientar em relação a disciplina e horários”, diz Renato.
Conforme a idade avança, os desafios passam a ser outros. “A mediação do professor é essencial, porque não estamos replicando o que acontecia em sala de aula. A gente se baseia nos mesmo princípios educacionais, mas com novas estratégias”, destaca a diretora da Maple Bear.
Cíntia ressalta, porém, dificuldades e incertezas. “Na videoconferência, o professor não tem controle da sala como pessoalmente. As provas à distância ainda são um teste, a gente tem que ver a validade dessas entregas porque os alunos não estão em um ambiente 100% controlado.”
Para um possível retorno presencial surge um novo entrave: como impedir os estudantes, que estão há tanto tempo sem se ver, de se abraçarem e compartilharem materiais?
“Eles precisam entender o contexto e a importância do distanciamento social nesse momento, como novas práticas que serão adotadas. Pretendemos ouvir os alunos porque o engajamento deles é essencial para que eles se sintam parte do ‘novo normal’.”
Ensino Superior
A 10º Edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, da Semesp, traz dados importantes do EAD: entre 2009 e 2018, a modalidade cresceu 145% nas faculdades brasileiras. Em relação a 2019, as matrículas EAD registraram aumento de 16,9%.
Para diretor da Trevisan Escola de Negócios, Fernando Trevisan, diante do cenário, o primeiro movimento que as empresas são obrigadas a tomar é acelerar a digitalização. “Não existe mais negócio que se sustente apenas no meio físico.”
De acordo com ele, em momentos de crise, a tendência é que a procura por mais qualificação aumente. Os dados confirmam isso: uma pesquisa da Toluna indica que 43% buscaram cursos online durante a pandemia e 58% apontam o EAD como uma tendência.
Quanto a qualidade, Fernando avalia que ela vai variar, assim como acontece também em cursos presenciais. “Sem dúvida nenhuma o EAD é um dos segmentos que ganha força por conta da pandemia e que pode contribuir para a retomada da economia em um momento pós crise.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário