segunda-feira, 29 de abril de 2019

Grupo de acionistas pede paralisação das atividades e substituição da diretoria da Vale

O grupo de acionistas da Articulação de Atingidos e Atingidas pela Vale disse que pedirá, na Assembleia Geral Ordinária de acionistas da Vale prevista para esta terça-feira (30), a paralisação imediata das atividades da empresa e substituição de toda a diretoria. A reunião é a primeira após o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que deixou 230 mortos e 40 desaparecidos até o momento. Além disso, os acionistas exigirão “um reconhecimento efetivo da responsabilidade” da empresa e “um pedido público de desculpas, a ser veiculado nos órgãos de imprensa”.

“Menos de quatro anos após Mariana, o rompimento da barragem em Brumadinho levanta um questionamento incisivo entre os acionistas críticos: Há ainda a possibilidade de a mineradora continuar em operação? Sob quais critérios?”, questionam em nota, referindo-se ao rompimento da barragem da Samarco, empresa da Vale e da BHP em Mariana.

Os acionistas argumentam também que há anos alertam para a gravidade do modelo de gestão da Vale, com supostos indícios de manipulação de mercado, já que a empresa omitiria dos acionistas os riscos dos seus empreendimentos. “A Vale acaba gerando uma valorização artificial e enganosa de seus ativos, que sofrem brusca variação a cada evento desastroso que a empresa protagoniza. Esta suspeita foi alvo de pedido de investigação junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), protocolado pelos acionistas críticos logo após o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho”, disseram.

Entre os principais motivos para a reprovação do Relatório de Administração da empresa, o grupo cita a “crítica situação de gestão das barragens”, em referência às 17 barragens de rejeito da Vale em Minas Gerais que são consideradas instáveis ou não têm a segurança atestada.

“Paralelamente, mais de mil pessoas foram evacuadas de suas casas, como consequência dessa situação de incerteza. No entanto, a empresa não forneceu detalhamento sobre a situação de risco efetivo dessas estruturas, incluindo os coeficientes de segurança aplicáveis, além de falhar na apresentação da análise de risco dos projetos de descomissionamento e estabilização que pretende implementar”, criticam.

Eles acusam também a Vale de ter pressionado a empresa de auditoria das barragens para liberar o funcionamento delas em troca de serviços de consultoria. “Uma grave suspeita que coloca em xeque todos os protocolos de segurança e transparência adotados pela mineradora”, afirmam, adicionando que os acionistas vão apresentar também “graves falhas na assistência aos atingidos pelo desastre”.

“Os acionistas demandarão o efetivo reconhecimento pela empresa de sua responsabilidade pelas mortes e demais danos causados, por meio de pedidos públicos de desculpas e de um trabalho de dignificação de cada uma das vítimas, através de inserções em veículos de imprensa em horário nobre e rede nacional pelo período de um ano”, afirmaram.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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