segunda-feira, 29 de abril de 2019

Sem reforma da Previdência, Estados podem ter dobro de PMs inativos em 25 anos, diz Ipea

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta que, se não for aprovada a reforma da Previdência também para os Estados, em 25 anos o número de policiais militares e bombeiros deve dobrar, atingindo 500 mil inativos. O instituto lembra que as despesas estaduais com a folha de pagamento destas pessoas saltaram quase 100% em pouco mais de uma década.

Para fazer a projeção para o total de inativos no futuro, os pesquisadores do Ipea levaram em conta os padrões de aposentadoria conforme os estatutos de cada Polícia Militar (PM) e Corpo de Bombeiros, a idade dos inativos atuais e as expectativas de sobrevida calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também consideraram que a PM e o Corpo de Bombeiros de cada Estado reporiam a vaga de cada policial aposentado, para efeito das projeções para as próximas décadas.

A folha dos aposentados e pensionistas de policiais e bombeiros estão entre os principais gastos dos governos estaduais, somando quase R$ 80 bilhões ao ano, o que equivale a cerca de 12,5% da receita corrente líquida (RCL) somada de todos os governos estaduais.

“Os gastos com policiais e bombeiros militares representam um peso crescente nas contas públicas dos estados brasileiros. Essa tendência está relacionada às condições de transferência para a reserva remunerada, as quais possibilitam que os militares se tornem inativos em idades muito inferiores às dos demais trabalhadores”, justificou o Ipea, no levantamento.

Esse gasto subiu rapidamente na última década. Em 2006, o conjunto dos governos estaduais gastava R$ 39,9 bilhões com a folha total de pagamentos de policiais militares e bombeiros. Em 2017, esse gasto total foi quase o dobro, chegando a R$ 79 bilhões.

Segundo o estudo do Ipea, o gasto total da folha com os militares subiu, em média, 7% ao ano entre 2006 e 2017, enquanto a RCL somada dos Estados cresceu a uma média de 3%. Consequentemente, o peso das folhas de pagamentos subiu, de cerca de 9% para 12,5% da RCL – “dois terços dessa variação se devem ao aumento nas despesas com inativos e pensionistas”, diz o estudo.

Além dos 270 aposentados e dos 130 mil pensionistas, o Brasil possui cerca de 480 mil policiais militares em atividade.

“O número total de militares estaduais deverá apresentar crescimento nos próximos anos: por um lado, a quantidade de ativos tende a permanecer mais ou menos constante com a reposição daqueles que deixam o serviço militar por qualquer razão; por outro, a de inativos deverá aumentar bastante, uma vez que as concessões de benefícios deverão ser muito superiores aos cancelamentos por morte”, diz a conclusão do estudo, publicado na edição do primeiro trimestre da Carta de Conjuntura do Ipea.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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