domingo, 3 de novembro de 2019

Cerca de 200 pessoas são detidas em mais uma noite de protestos em Hong Kong

Cerca de 200 pessoas foram detidas em Hong Kong neste sábado (2) em mais uma noite de confrontos entre manifestantes e polícia. Milhares de pessoas saíram às ruas e concentraram-se naquela que já é considerada a maior manifestação pró-democracia dos últimos cinco meses.

Várias estações de metrô foram incendiadas, e a polícia lançou gás lacrimogêneo para tentar dispersar a multidão. Alguns manifestantes depredaram o escritório da agência de notícias chinesa Xinhua em Hong Kong, um ato já condenado por várias associações de imprensa.

De acordo com a polícia local, os presos estão sendo acusados de realização de manifestação ou concentração ilegal, posse de armas, danos ao patrimônio e uso de máscara durante os atos.

No balanço feito pelas autoridades, foram encontrados 188 coquetéis molotov, cassetetes extensivos e sprays de gás de pimenta. Além disso, o Departamento de Luta contra o Crime Organizado, especializado no combate de máfias locais, deteve quatro homens e uma mulher por portarem armas de fogo.

A polícia ainda divulgou ter utilizado veículos especializados na gestão de multidões, como caminhões equipados com jatos de água, além de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Agência de notícias foi depredada

Ontem, Hong Kong teve um dos dias mais tensos, com confrontos entre as forças de segurança e ativistas em diversas partes da cidade. Estabelecimentos comerciais, bancos, prédios públicos, entre outros, foram depredados.

A sede de agência “Xinhua” em Hong Kong teve as portas de vidro destruídas. Manifestantes ainda fizeram pichações e barricadas dentro do prédio da empresa de comunicação.

O dia de tensão começou quando a polícia proibiu manifestações que havia autorizado anteriormente, depois de reprimir uma concentração que as autoridades alegaram não ser permitida. Houve ataques com coquetéis molotov e pedras contra os agentes, que responderam com uso de gás lacrimogêneo.

Os manifestantes que ficaram proibidos de seguir em ato se dirigiram para o Distrito Central, área que abrange as sedes do governo, do parlamento e da polícia, onde aconteceriam outros protestos, autorizadas pelas autoridades locais.

Os protestos em Hong Kong começaram em junho, como resposta a um projeto de lei sobre extradição, que já foi retirado pelo governo local. O movimento, no entanto, se transformou em cobrança por melhora nos mecanismos democráticos e uma oposição cada vez maior as ingerências feitas pelo governo da China.

Hoje, a administração local divulgou que a chefe do Executivo, Carrie Lam, se reunirá na próxima quarta-feira, em Pequim, com o vice-primeiro-ministro chinês, Han Zheng. Será o primeiro encontro oficial entre autoridades de Hong Kong e China desde o início dos protestos.

A transferência de Hong Kong para a China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China, foi estabelecido um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, nos níveis executivo, legislativo e judiciário, com o governo central chinês sendo responsável pelas relações externas e pela defesa.

* Com EFE

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