Ir ao açougue tem exigido paciência e uma calculadora do brasileiro. De acordo com o Instituto de Economia Agrícola, o quilo da carne bovina terminou outubro cotado a R$ 24,06 – o maior valor do ano.
A dona Dirce, por exemplo, nunca abriu mão da picanha no churrasco ou do filé mignon no almoço de domingo. Agora, a receita preferida dela na hora de montar o cardápio é muita pesquisa.
“Tem aumentado, tenho acompanhado que sim, mas tem muita promoção. Por conta do final do ano eu acredito que já aumentaram um pouco para estender o mês. Eu tenho feito muita pesquisa de preço, diversifico o cardápio. É importante comer peixe, frango, carne de boi.”
A alta vem sendo impulsionada por um surto de peste suína africana na Ásia, que até outubro levou ao abate de mais de 6 milhões de animais em todo o continente.
Mesmo com o aumento das importações de carne de porco, países como a China, principalmente, tiveram que diversificar a oferta de proteína animal para dar conta da demanda interna.
Os chineses têm importado mais de 100 mil toneladas de carne bovina por mês do Brasil, reduzindo a oferta no mercado interno.
O diretor superintendente da Agroceres PIC, Alexandre Rosa, afirma que os preços podem continuar altos por um bom tempo.
“Esse ano a China passou a ser a maior compradora de todas as carnes brasileiras. Esse reflexo está mais forte nos reflexos da carne bovina porque a produção não atende ao crescimento da demanda.”
O preço do bife mais salgado força uma mudança no cardápio. No entanto, o economista Gilberto Braga ressalta que alternativas mais comuns, como o frango, tendem a ficar mais caros em tempos de procura maior.
O professor do Ibmec do Rio de Janeiro diz que o jeito é seguir os passos da dona Dirce.
“As grandes redes tem feito promoções e os consumidores que podem estudar ofertas conseguem manter o churrasco e a carne bovina dentro do seu cardápio.”
O quilo do filé de frango terminou o mês de outubro cotado a R$ 14,36. O preço é o melhor dos últimos seis meses, mas é superior ao observado no início do ano.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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