Depois de ser aprovado na Câmara dos Deputados, está em tramitação no Senado Federal um projeto de lei quer incluir avaliações psicológicas de mulheres durante a gravidez nos exames de pré-natal e durante o puerpério, período logo depois do parto. O objetivo da proposta, feita pelo deputado federal Célio Silveira (PSDB-GO), é identificar a tendência à depressão pós-parto e encaminhar as pacientes para aconselhamento e psicoterapia.
A psicóloga e professora do curso de pós-graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, Míria Benincasa Gomes, diz que a ideia é interessante, pois leva em conta a saúde mental das mulheres. “Essa proposta se sustenta no conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS) em que, saúde é o mais completo bem-estar físico, psíquico e social e não só a ausência de doenças, então se a gente quer avaliar a saúde, a gente tem que avaliar todos esses aspectos. E aí a gente entende se a pessoa está saudável.”
Ela afirma que muitas mulheres dão sinais de que podem desenvolver depressão pós-parto ainda durante a gravidez, mas só um profissional especializado pode identificar a interpretar esses sinais da maneira correta. “Os fatores de risco existem mas não são muito evidentes, necessariamente. Tem alguns muito sutis e os profissionais precisam estar bem treinados para identificar e encaminhar para uma intervenção bem sucedida.”
A socióloga e assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), Jolusia Batista, também acha que o projeto de lei chama a atenção para um assunto importante, mas se preocupa com a forma como os atendimentos vão ser feitos. Ela também questiona se todas as mulheres vão ter acesso às avaliações e aos tratamentos de psicoterapia, além de lembrar que o projeto não pode ser usado como justificativa para, de alguma forma, identificar e punir ou constranger mulheres que decidem não ter filhos ou ter filhos mais tarde, fora do arranjo tradicional.
O Ministério da Saúde define a depressão pós-parto como uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo depois do parto. A pasta aponta que a principal causa do transtorno é o enorme desequilíbrio de hormônios ao término da gravidez, mas fatores como falta de apoio da família e do parceiro, privação de sono e isolamento também podem fazer com que a mulher desenvolva o problema.
*Com informações da repórter Mariana Janjácomo
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