quarta-feira, 31 de julho de 2019

Na volta do recesso, Senado vai votar avaliação psicológica compulsória de mulheres grávidas

Depois de ser aprovado na Câmara dos Deputados, está em tramitação no Senado Federal um projeto de lei quer incluir avaliações psicológicas de mulheres durante a gravidez nos exames de pré-natal e durante o puerpério, período logo depois do parto. O objetivo da proposta, feita pelo deputado federal Célio Silveira (PSDB-GO), é identificar a tendência à depressão pós-parto e encaminhar as pacientes para aconselhamento e psicoterapia.

A psicóloga e professora do curso de pós-graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, Míria Benincasa Gomes, diz que a ideia é interessante, pois leva em conta a saúde mental das mulheres. “Essa proposta se sustenta no conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS) em que, saúde é o mais completo bem-estar físico, psíquico e social e não só a ausência de doenças, então se a gente quer avaliar a saúde, a gente tem que avaliar todos esses aspectos. E aí a gente entende se a pessoa está saudável.”

Ela afirma que muitas mulheres dão sinais de que podem desenvolver depressão pós-parto ainda durante a gravidez, mas só um profissional especializado pode identificar a interpretar esses sinais da maneira correta. “Os fatores de risco existem mas não são muito evidentes, necessariamente. Tem alguns muito sutis e os profissionais precisam estar bem treinados para identificar e encaminhar para uma intervenção bem sucedida.”

A socióloga e assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), Jolusia Batista, também acha que o projeto de lei chama a atenção para um assunto importante, mas se preocupa com a forma como os atendimentos vão ser feitos. Ela também questiona se todas as mulheres vão ter acesso às avaliações e aos tratamentos de psicoterapia, além de lembrar que o projeto não pode ser usado como justificativa para, de alguma forma, identificar e punir ou constranger mulheres que decidem não ter filhos ou ter filhos mais tarde, fora do arranjo tradicional.

O Ministério da Saúde define a depressão pós-parto como uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo depois do parto. A pasta aponta que a principal causa do transtorno é o enorme desequilíbrio de hormônios ao término da gravidez, mas fatores como falta de apoio da família e do parceiro, privação de sono e isolamento também podem fazer com que a mulher desenvolva o problema.

*Com informações da repórter Mariana Janjácomo

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