quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Quase um terço das escolas brasileiras não tem energia elétrica ou esgoto, diz Unesco

Um estudo divulgado nesta quarta-feira (31) relaciona a infraestrutura das escolas com o desempenho dos alunos. A pesquisa feita pela Unesco e pela Universidade Federal de Minas Gerais teve como base dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica de 2013, 2015 e 2017.

A conclusão foi que as escolas mais bem estruturadas tiveram as melhores avaliações no Ideb, que é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. O estudo dividiu as instituições em sete níveis diferentes de infraestrutura.

Pouco mais da metade das escolas de ensino básico do Brasil estão entre os níveis 4 e 5. São escolas que possuem laboratórios, internet, quadra para esportes e refeitórios.

No entanto, quase um terço estão nos piores níveis e mais de 4 mil instituições ainda estão no patamar mais baixo, sem banheiro dentro do prédio, energia elétrica ou esgoto.

Agenda 2030

Em 2015, em uma reunião de líderes mundiais na Coreia Sul, o Brasil assinou o plano de metas da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, e a melhoria da infraestrutura das escolas é uma delas.

Apesar de o estudo mostrar que nos últimos anos houve uma melhora na infraestrutura das escolas, especialmente no Nordeste e as escolas municipais.

A professora da UFMG e uma das coordenadoras na pesquisa, Maria Tereza Gonzaga Alves afirma que há ainda muito o que ser feito. “Se isto está na Agenda 2030, nós temos que garantir que se façam reformas para garantir melhor infraestrutura.”

Maria Tereza salienta que o estudo não traz uma relação direta de causa e consequência, ou seja, que apenas a condição física determine a qualidade do aprendizado.

Mas a conclusão reforça que escolas seguras, limpas e confortáveis impactam positivamente na aprendizagem, principalmente das crianças, como explica o gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação, Gabriel Corrêa.

“Essa questão da infraestrutura que o relatório da Unesco traz é fundamental para toda a comunidade da Educação que quer melhorar a aprendizagem dos alunos brasileiros.” Gabriel Corrêa ressalta também que o sistema educacional é impactado pelas desigualdades do Brasil.

Recortes

A pesquisa indica que quanto mais alto o índice de nível socioeconômico dos alunos, maiores também os indicadores de infraestrutura da escola.

O levantamento concluiu que a rede federal tem infraestrutura melhor do que escolas privadas. Já as municipais são as que apresentam o menor indicador de qualidade.

A região Centro-Oeste ocupou a posição intermediária. Sul e Sudeste ficaram com médias melhores de infraestrutura, enquanto Norte e Nordeste têm os piores resultados.

*Com informações da repórter Natacha Mazzaro

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