segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Queimadas no Brasil aumentaram 82%; 52% só na Amazônia

O tamanho do estrago das queimadas na floresta amazônica ainda é incerto. Mas o fato é que elas se espalham rapidamente pelas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Os incêndios são tão grandes que podiam ser vistos até do espaço, em imagem divulgada pela Nasa.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que as queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação ao ano de 2018, no período entre janeiro e agosto. E a maior parte dos incêndios, cerca de 52% do total, aconteceu em uma mesma região: a Amazônia.

Segundo o professor de engenharia florestal da Universidade de Brasília (UnB), especialista em degradação e incêndios florestais, Eraldo Matricardi, a situação é preocupante. “Esse desmatamento está chegando no limite, a gente não pode ir muito além porque, os efeitos do desmatamento na Amazônia, como já está comprovado cientificamente, podem trazer efeitos diretos para outras regiões do Brasil e também do mundo.”

E os efeitos disso são amplos, vão desde mudanças climáticas com a emissão de carbono na atmosfera até problemas respiratórios na população, como já vem acontecendo em estados da região norte do país.

Matricardi ressalta que o que acontece na Amazônia chega rapidamente a outras regiões. Ele cita como exemplo o caso em que o céu de São Paulo ficou escuro em pleno dia, na semana passada. “O que acontece na Amazônia não me afeta, né? Afeta sim. Então o que acontece em outras regiões pode, sim, chegar a me afetar diretamente nessa região seja dessa forma, como essa chegou, seja com as mudanças climáticas que podem ocorrer com redução de chuvas, ou excesso de chuvas, essa coisa toda.”

As razões para as queimadas não são só o desmatamento, o tempo seco também contribui para os incêndios, comum nesta época. No entanto, a estiagem deste ano não está tão severa.

Para o pesquisador e professor de engenharia florestal da UnB, Humberto Angelo, algumas medidas poderiam ser tomadas para evitar os incêndios criminosos. Além da valorização da exploração sustentável, o governo precisa investir em tecnologia. “É necessário aprimorar os estados e os municípios para que eles tenham uma estrutura de combate à esses grandes incêndios, porque para isso há necessidade de tecnologia. E as tecnologias, hoje, passam por aviões, por produtos químicos, uma série de procedimentos que levam você a combater incêndios dessa magnitude.”

A questão das queimadas na Amazônia virou uma crise internacional. Após a repercussão negativa para o país, o governo federal anunciou medidas para conter as queimadas na floresta, entre elas, um decreto instituindo a Garantia da Lei e da Ordem Ambiental para ajudar os Estados da região com tropas do Exército nas ações de combate ao fogo na Amazônia.

*Com informações da repórter Marcela Rahal

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