sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Denúncias apontam irregularidades no Hospital do Servidor Público Municipal

Milhares de pessoas transitam todos os dias nos 12 andares que compõem o Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), localizado no coração da cidade mais populosa do Brasil, São Paulo. Só no pronto-socorro, são em média 11.500 mil atendimentos mensais.

Desde a sua inauguração, em 1957, a instituição nunca passou por nenhuma intervenção física. Os mais de 60 anos sem reformas deixaram o hospital em uma situação precária. Infiltrações, vazamentos, falta de acessibilidade, demora no atendimento, ausência de um canal direto de comunicação para a marcação de consultas e até baratas na cozinha eram alguns dos problemas enfrentados pelos funcionários e pacientes do HSPM.

No início de 2019, após uma série de denúncias, a Secretaria Municipal da Saúde, em parceria com a Prefeitura de SP, anunciou o investimento de cerca de R$ 800 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para reformar o hospital.

No dia 25 de novembro, uma segunda-feira, a reportagem da Jovem Pan visitou o local para checar a realidade das pessoas que dependem do HSPM – tanto servidores municipais, quanto os beneficiários do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram flagradas cenas como pacientes sendo atendidos nos corredores do PS, idosos se locomovendo por estruturas perigosas e salas de espera lotadas.

Pacientes nos corredores

Apenas seis dias antes da visita, começou a reforma que deve aumentar o pronto-socorro. Serão criados mais dois pavimentos acima da nova ala, que vai ser integrada ao PS infantil, localizado a poucos metros de distância.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, parte do atendimento aos quase 12 mil pacientes mensais segue em locais que ainda não estão em reforma ou em outros andares.

No entanto, a reportagem viu – como mostram as imagens – cerca de sete pacientes dividindo um corredor de aproximadamente 40 metros de comprimento por 2 de largura, em cadeiras de rodas e macas, e sendo atendidos fora das salas. O trajeto de uma ponta a outra – que termina em uma parede de tapume, onde começa a parte que está em obras — pode ser feito caminhando em menos de dois minutos.

Como se não bastasse compartilhar o pequeno espaço com objetos e outras pessoas em tratamento, também ficam no local os acompanhantes, além de funcionários da instituição, como seguranças e profissionais da limpeza.

Seguindo pelos corredores do HSPM – que quase parece um labirinto – outros problemas começam a aparecer. O laboratório, onde são feitos uma série de exames, também está em obras. A Secretaria Municipal de Saúde informou que os pacientes com mobilidade reduzida estão sendo atendidos em um novo espaço no quarto andar. Já os demais usuários foram direcionados ao prédio ao lado.

Porém, o caminho para chegar no prédio anexo ficou relativamente longo, além de perigoso. No dia da visita ao local, a reportagem da Jovem Pan viu pacientes idosos e com mobilidade reduzida descendo uma escada íngreme do quarto ao terceiro andar e sendo conduzidos em fila por um profissional do próprio hospital até o outro edifício.

Funcionários contaram que pessoas já caíram e se machucaram durante esse trajeto. O motivo do uso da escada é que os elevadores são poucos, e demoram muito tempo.

Fila de mil pessoas para exame

No final de um dos corredores do terceiro andar do hospital, um papel colado em uma porta provisória de madeira pede desculpas pelo transtorno: “Estamos em reformas”. Lá, costumava funcionar o setor de endoscopia do HSPM – exame utilizado para o diagnóstico de doenças que acometem direta ou indiretamente o aparelho digestivo.

Segundo funcionários da instituição, as obras já duram três meses e, por causa disso, a fila para realizar o exame chega a mil pessoas. De acordo com eles, a ala foi interditada e os pacientes foram arquivados, em vez de realocados para outro espaço.

Atualmente, a parte administrativa é realizada no setor de raio-x – que fica também no terceiro andar. O restante do procedimento é feito no quinto andar, em uma sala improvisada e sem identificação. Ali, são atendidos apenas aqueles que já estão internados ou as urgências do pronto-socorro.

As reformas começaram após uma denúncia de que a limpeza dos equipamentos estava sendo feita de forma incorreta por falta de materiais adequados.

Os profissionais eram obrigados a manusear produtos químicos sem proteção. Além disso, recipientes ficavam abertos, exalando um forte cheiro, e colocando tanto os funcionários, quanto os pacientes em repouso à espera do exame, em risco de contaminação.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que as reformas estão em finalização e ressaltou “que não houve prejuízo ao atendimento e todos os locais estão sinalizados”.

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