sábado, 28 de dezembro de 2019

Dois meses depois de se mudar para santuário, elefanta Ramba morre

Dois meses depois de ter sido levada ao Santuário de Elefantes Brasil, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, a elefanta Ramba morreu na quinta-feira (26). Com idade estimada em ao menos 53 anos, ela pesava mais de três toneladas e sofria de problemas renais havia sete anos.

Em uma publicação nas rede sociais, o santuário comunicou a morte do mamífero e afirmou que Ramba “não tinha mais forças para lutar contra seus problemas renais”.

“Ainda que após a necropsia tenhamos mais detalhes, sua morte, apesar de dolorosa, não nos surpreendeu tanto. Quando Ramba foi diagnosticada com doença renal, ainda no Chile, há sete anos, tínhamos muita esperança que ela conseguisse viver por mais um ano, no mínimo”, afirmou o santuário. “Milagrosamente esse ano transformou-se em sete, dando-lhe forças que a ajudaram a chegar ao Santuário.”

De acordo com o local, a morte da elefanta provavelmente tenha sido repentina, “pois a grama ao seu redor estava intocada”.

História

De origem asiática, Ramba chegou ao País em outubro, após ter sido vítima de maus-tratos e ser explorada como uma atração circense na Argentina e no Chile.

O transporte do animal para o Brasil envolveu uma megaoperação no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo. Em 59 anos de história, o terminal já havia recebido baleia, onça, canguru, avestruzes, boiadas inteiras, mas nunca um elefante. A operação de desembarque mobilizou cerca de 30 pessoas.

A elefanta foi trazida no interior de uma caixa de quase seis toneladas, com água, alimentação, temperatura controlada e câmeras internas de monitoramento. A caixa foi retirada do avião pela porta lateral, desceu de guindaste-empilhadeira e seguiu para o setor de cargas.

Depois de desembarcar em Viracopos, ela seguiu em comboio rodoviário para o santuário mato-grossense, que dispõe de uma reserva de 1,1 mil hectares, o equivalente a 1,1 mil campos de futebol.

Na Chapada dos Guimarães, Ramba conviveu nos últimos dois meses com as elefantas Guida, Lady, Maia e Rana. O santuário levou os animais para se despedirem da companheira.

Maus-tratos e exploração em circos da América do Sul

Conhecida como a última elefanta de circo do Chile, Ramba foi comprada na Ásia e levada para a Argentina nos anos 1980. Durante três décadas, ela viajou de caminhão, presa a correntes, para ser vista pelas plateias. Em 1997, o animal foi confiscado do circo Los Tachuelas pelo Serviço Agrícola e Pecuário do Chile, por causa de denúncias de negligência e maus-tratos.

Embora proibido de usá-la em apresentações, o circo continuou como depositário até a elefanta ser resgatada, em 2011, pela organização não governamental (ONG) Ecópolis de proteção aos animais, e levada para Rancágua. A entidade, que atua com outros animais silvestres e tem pouca experiência com elefantes, acabou entrando em contato com o santuário brasileiro.

De acordo com a voluntária Valéria Mindel, a elefanta continuava sofrendo com o rigor do inverno chileno e com a solidão. O santuário abriu um financiamento coletivo no Brasil e nos Estados Unidos para custear a transferência e contou com apoio de empresas para o transporte de Ramba. A entrada da elefanta no País foi autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O Aeroporto de Viracopos não cobrou taxas alfandegárias.

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É com imenso pesar que comunicamos o falecimento de Ramba. Nossa vovó teimosa, linda e maior que a própria vida, não tinha mais forças para lutar contra seus problemas renais. Ainda que após a necropsia tenhamos mais detalhes, sua morte, apesar de dolorosa, não nos surpreendeu tanto. Quando Ramba foi diagnosticada com doença renal, ainda no Chile, há sete anos, tínhamos muita esperança que ela conseguisse viver por mais um ano, no mínimo. Milagrosamente esse ano transformou-se em sete, dando-lhe forças que a ajudaram a chegar ao Santuário. Parece que os elefantes possuem um conhecimento profundo e inexplicável sobre a vida. Prometemos, repetidas vezes, que ela viria para o Santuário e ela lutou para chegar até aqui. Aqui encontrou uma alegria gigantesca, conseguiu explorar como sempre desejara e descobriu o sentido da verdadeira amizade. Talvez fosse tudo o que ela precisava e merecia. Ela se entregou à sua nova vida mas, no processo, parece que desistiu de lutar. Ela estava cansada. Na manhã de quinta-feira, 26 de dezembro, Rana e Maia estavam no galpão sem Ramba. Isso acontecia sempre, Ramba gostava de explorar mais que Rana e, ocasionalmente, retornava à pastagem para um bom banho de lama pela manhã, enquanto Rana ficava próxima ao galpão antecipando o horário do café da manhã. Saímos para encontrá-la e a descobrimos em um dos seus lugares favoritos, o recinto número 4, além do riacho. Ela parecia estar dormindo. Sua morte deve ter sido repentina pois a grama ao seu redor estava intocada. Apenas um lindo elefante, deitado em um belo pasto, os olhos suavemente fechados e o rosto doce, tão calmo como costumava ser. Como não sabíamos se Rana tinha a percepção do que acontecera, a levamos de volta para sua irmã. Sentimos que não sabia, porque quando se aproximou de Ramba arregalou seus olhos, a cheirou profundamente, repetidas vezes e depois murmurou baixinho, também, repetidamente. Cheirou e tocou todo o corpo de Ramba parecendo tentar entender o que tinha acontecido. Após vários minutos ela ficou quietinha e permaneceu ao lado de Ramba, pastando. E ali ficou, o resto do dia ao lado da amiga. * Continuação do texto nos comentários

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