A imposição das novas leis de segurança nacional em Hong Kong desencadeou uma forte repercussão contra a China na Europa. O governo de Pequim aprovou na terça-feira (30) a polêmica legislação que tem como objetivo controlar os protestos em série que a região registra há um ano. As novas leis criminalizam a secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que chegam a prisão perpétua. Apesar disso, protestos já ocorreram nesta quarta (1º) contra a legislação e a polícia efetuou prisões que podem ser enquadradas na reforma feita pela China.
A intervenção sem precedentes em Hong Kong, que foi devolvida pelos britânicos para a China 23 anos atrás, está sendo fortemente criticada. Lideranças europeias consideraram o gesto chinês como deplorável porque terá fortes consequências no estilo de vida da cidade, que é um importante hub financeiro internacional. Ursula von der Leyen, presidente da comissão europeia, disse que o bloco está discutindo com parceiros internacionais sobre possíveis medidas em resposta.
O governo conservador de Londres, por sua vez, reafirmou o compromisso de distribuir vistos de residência britânicos para os moradores de Hong Kong que quiserem deixar a região administrativa especial. No mês passado, Boris Johnson prometeu conceder a autorização para cerca de três milhões de cidadãos de Hong Kong. O gesto é uma dura ameaça para a China que tenta enquadrar a cidade autônoma, mas ao mesmo tempo precisa que ela se mantenha operacional por conta de seus laços financeiros com o Ocidente e a Ásia. Alguns líderes europeus falam inclusive em preparar sanções como forma de retaliação ao governo de Pequim.
Os Estados Unidos, que sob a administração Trump intensificaram o antagonismo com a China, também pressionam a Europa para responder. A tensão internacional ocorre no momento em que a segunda maior economia do mundo ocupa os espaços deixados pelos norte-americanos em mecanismos internacionais e em setores como tecnologia, economia e diplomacia. Apesar dos esforços de Pequim, as reiteradas tentativas de intervenção política em Hong Kong podem acabar freando o projeto chinês de se posicionar como novo líder global.
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