segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Adoção de idosos preocupa especialistas em envelhecimento

Tramitam na Câmara dos Deputados dois projetos de lei que tratam da possibilidade da adoção de idosos. O tema também entrou na pauta do governo do presidente Jair Bolsonaro.

No começo do ano, o Ministério da da Mulher, Família e Direitos Humanos informou que deu início a um estudo para subsidiar essas propostas. Os projetos de adoção de idosos, no entanto, preocupam especialistas em envelhecimento.

A psicóloga Valmari Aranha, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, afirma que não concorda com o termo adoção. Para ela, é negativo que a pessoa idosa seja tratado de forma infantilizada.

“Eu escuto a adoção como uma outra vida. É diferente da criança, que vai ter uma vida. É muito diferente do convívio inter geracional e o quanto o idoso vai ser alguém que também vai agregar.”

Valmari Aranha explica que seria importante que o governo desse condições para as famílias cuidarem dos próprios idosos, em vez de estimular a adoção. Ela também defendeu o investimento em instituições de longa permanência e disse esperar que as pessoas busquem mais informações sobre esses locais, para não haver preconceito.

“Eu ainda acredito que as instituições de longa permanência podem dar suporte sob uma coordenação mais efetiva. Quando eu tenho uma casa de repouso eu tenho vigilância, tenho estrutura. Tenho um controle melhor do que acontece lá dentro.”

Em dezembro do ano passado, a Câmara realizou uma audiência pública para discutir um dos projeto de lei, de autoria do deputado Ossésio Silva, do Republicanos de Pernambuco. Na ocasião, o ex-secretário do Idoso do Distrito Federal, Ricardo Quirino dos Santos, questionou a intenção da pessoa que queira adotar um idoso

“Quando esse idoso tem uma aposentadoria robusta, ou quando tem seus patrimônios, o que pode causar dentro de uma pessoa ânimos para adotá-la? A lei tem que se precaver.”

Segundo o IBGE, a população com mais de 65 anos cresceu 26% entre 2012 e 2018. O abandono de idosos também subiu: chegou a 33% até 2017, de acordo com uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social.

*Com informações da repórter Nicole Fusco

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