sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Busca por vacina para novo vírus mobiliza cientistas pelo mundo

Cientistas de todo mundo correm contra o tempo para tentar criar uma vacina contra o coronavírus. Nesta quinta-feira (30), o primeiro-ministro chinês Li Keqiang pediu que os centros de pesquisa do país intensifiquem os trabalhos em busca de uma vacina.

Diferentemente do que aconteceu em surtos anteriores, como o da SARS em 2002, Pequim não demorou a divulgar o código genético do novo vírus, permitindo o início imediato de pesquisas em vários países.

Num laboratório em San Diego, na Califórnia, cientistas estão usando um novo tipo de tecnologia de DNA na busca por uma potencial vacina. A ideia é iniciar os testes em humanos já no início de junho.

Na Austrália, os pesquisadores conseguiram cultivar uma amostra do coronavírus em laboratório e agora se prepararam para testes em animais.

A infectologista e professora da UNIFESP, Nancy Bellei, destaca a importância desse passo. “Isso permite que você entenda as proteínas virais, externas do vírus, que se relacionam com as nossa células e nossos anticorpos. Esse é um passo muito importante na elaboração de uma vacina.”

O infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, acredita que a vacina ainda deve demorar a chegar à população.

“O desenvolvimento passa por vários estágios. A gente precisa testar, desenvolver anticorpos, experimentar em humanos para ver se isso dá certo. Hoje é mais rápido, mas não creio que teremos algo em menos de dois anos — ainda mais em grande quantidade.”

No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz também trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. A presidente da entidade, Nísia Trindade, ressalta a experiência da instituição em lidar com doenças respiratórias.

“O nosso laboratório de referencia em vírus respiratórios tem uma experiencia de 60 anos — isso nos permite contribuir nessa situação. Essas amostras que estão chegando à Fiocruz serão analisadas dentro de protocolos de alta qualidade.”

Apesar dos esforços acelerados, pesquisadores dizem que não há garantias de que nada do que está sendo feito é seguro e eficaz o suficiente para ser usado no atual surto.

A Organização Mundial da Saúde deve decidir nos próximos dias qual vacina será testada primeiro em humanos.

*Com informações do repórter Renan Porto

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