sexta-feira, 27 de março de 2020

Empresários pedem aval para suspensão de contratos até retomada das atividades

A indústria de máquinas e equipamentos aguarda anúncio do governo federal para a suspensão do contrato de trabalho, também conhecido como o lay- off. Ele já foi utilizado em crises pelo setor automotivo. O modelo deixa os funcionários em casa e reduz vencimentos, enquanto a empresa divide com o governo os salários com a exigência dos cursos de qualificação.

O presidente da Abimaq, José Velloso, analisa que não há alternativa diante da paralisação da economia. “A suspensão do contrato de trabalho é muito importante porque ele mantem o emprego, o funcionário mantem receita pelo seguro desemprego e é bom pro país porque não há demissão em massa. Como a gente espera que essa crise dure mais ou menos 90 dias, essa seria uma grande notícia.”

O presidente da Abinee, Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barbatto, lembra que o setor tem 24% das fábricas parcialmente ou totalmente paradas após a interrupção inicial da chegada de componentes da China e o avanço da pandemia no Brasil — e há o esforço na manutenção dos empregos.

“Férias coletivas, antecipação de férias, rodizio de empregados, redução da jornada de trabalho. São várias alternativas que estamos utilizando com o objetivo de poder não criar um problema social maior. Estamos esperançosos de que nas próximas duas semanas consigamos superar essa crise para voltar gradualmente à normalidade.”

O gerente de pesquisa da CNI, Confederação Nacional da Indústria, Renato da Fonseca, espera medidas além do adiamento de impostos, dos financiamentos públicos e maior liquidez para capital de giro.

“Você tem que fazer com que os recursos estejam disponíveis em momentos de risco. É uma crise que começa no setor de serviços mas se alastra para a economia. Companhias aéreas, turismo, eventos, comercio. E vai chegar na indústria.”

Os setores de alimentos, limpeza e remédios estão em alta, na contramão da maioria das indústrias. O governo chegou a anunciar a suspensão dos contratos por 4 meses, sem pagamento de salário, mas o presidente Bolsonaro logo revogou a decisão diante da forte repercussão contrária.

A discussão passa agora pela redução em até 50% e o governo entraria com 25 % — algo esperado pelos empresários, em curto prazo.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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