O Brasil teve uma leve melhora nas pontuações de leitura, matemática e ciências no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mas apenas dois a cada 100 estudantes atingiram os melhores desempenhos em pelo menos uma das disciplinas avaliadas.
Os resultados da avaliação, que é referência mundial, foram divulgados nesta terça-feira (3) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Pisa 2018 foi aplicado em 79 países e regiões a 600 mil estudantes de 15 anos. No Brasil, cerca de 10,7 mil estudantes de 638 escolas fizeram as provas. O país obteve, em média, 413 pontos em leitura, 384 pontos em matemática e 404 pontos em ciências.
Na última avaliação, aplicada em 2015, o Brasil obteve 407 em leitura, 377 em matemática e 401 em ciências.
As pontuações obtidas pelos estudantes colocam o Brasil no nível 2 em leitura, no nível 1 em matemática e em ciências – em uma escala que vai até 6. Pelos critérios da OCDE, o nível 2 é considerado o mínimo adequado.
Ao todo, quase metade (43,2%) dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do nível 2 nas três disciplinas avaliadas. Na outra ponta, apenas 2,5% ficaram nos níveis 5 e 6 em pelo menos uma das disciplinas.
A média do Brasil ficou abaixo dos países da OCDE. Em leitura, os 37 países membros do grupo obtiveram 487 pontos em leitura, 489 em matemática e 489 em ciências. Como na avaliação 35 pontos equivalem a um ano de estudos, o Brasil está a pouco mais de dois anos atrás desses países.
Na OCDE, 15,7% dos estudantes estão nos níveis 5 e 6 em pelo menos uma disciplina – e apenas 13,4% estão abaixo no nível 2.
O desempenho na avaliação posicionou o Brasil no 57ª lugar entre os 77 países e regiões com notas disponíveis em leitura, na 70ª posição em matemática e na 64º posição em ciências – junto com Peru e Argentina, em um ranking com 78 países.
China e Singapura lideram os rankings das três disciplinas. O Brasil, nos três, fica atrás de países latino americanos como Costa Rica, Chile e México. Supera, no entanto, Colômbia e Peru em leitura e a Argentina em leitura e matemática.
Apesar de participar do relatório, os resultados do Vietnã não são comparáveis, de acordo com a OCDE e, por isso, não fazem parte do ranking. A Espanha não teve os resultados de leitura divulgados.
Leitura
No Brasil, metade dos estudantes obteve, pelo menos, o nível 2 em leitura. Isso significa que esses estudantes são capazes de identificar a ideia principal de um texto de tamanho moderado e que podem refletir sobre o objetivo e a forma dos textos quando recebem instruções explícitas. Entre os países da OCDE, em média, 77% dos estudantes obtiveram esse desempenho.
Já os estudantes que obtiveram as melhores notas em leitura, que no Brasil representam apenas 2%, são capazes de compreender textos longos, lidar com conceitos abstratos e estabelecer distinções entre fato e opinião, com base em pistas implícitas relativas ao conteúdo ou fonte das informações.
Entre os países da OCDE, 9% dos estudantes estão nos melhores níveis.
Matemática e ciências
Após queda na última avaliação, em 2015, a nota dos estudantes brasileiros em matemática voltou a crescer. Mas, apenas um a cada três estudantes (32%) teve o desempenho mínimo – nível 2 ou superior. Entre os países da OCDE, três a cada quatro estudantes (76%) obtiveram esse resultado.
Apenas 1% dos brasileiros está no nível 5 ou 6 em matemática. A média da OCDE é 11% – esses alunos podem resolver situações complexas matematicamente.
Em ciências 45% dos estudantes brasileiros estão, pelo menos, no nível 2 e 1% está entre os melhores.
Entre os países da OCDE, essas porcentagens são respectivamente, 78% e 7%.
Desigualdade
De acordo com a OCDE, o nível socioeconômico dos estudantes teve impacto no desempenho nas provas. No Brasil, a diferença de desempenho entre aqueles com nível socioeconômico alto e aqueles com nível baixo, foi de 97 pontos em leitura – o que equivale a quase três anos de estudo.
Essa diferença superou a média da OCDE, que é de 89 pontos.
*Com informações da Agência Brasil
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