A primeira cidade da região metropolitana de São Paulo a adotar a tarifa zero no transporte público convive com reclamações pela demora dos ônibus. Os moradores de Vargem Grande Paulista pagavam R$ 3,70 na passagem.
Desde o dia 5 de novembro, quem se cadastra no site da Prefeitura e emite cartão de embarque, pega o ônibus de graça. O programa Tarifa Zero é uma parceria entre o governo municipal e empresas privadas.
As instituições pagam uma taxa mensal à Prefeitura, que equivale ao valor que era arrecadado com o preço da condução.
O prefeito de Vargem Grande, Josué Ramos afirma que a ação foi tomada após o resultado de um estudo de engenharia financeira. A pesquisa apontou que colocar o passe livre sairia mais barato no orçamento final da Prefeitura.
A gestão municipal aumentou o número de veículos nas ruas: antes eram sete, agora são treze. As linhas também foram modificadas: antes eram só quatro, hoje são sete.
Apesar da tarifa zero, a cozinheira Irene Bezerra reclamou do longo tempo que os ônibus demoram para passar no ponto. “Ai tá maravilhoso, viu. Tarifa zero está maravilhoso. O que tem que melhorar urgente é colocar mais ônibus na linha, porque não dá.”
Quem também criticou os ônibus da cidade foi a dona de casa Maria Santana, que se queixou da qualidade dos veículos mais antigos das linhas. “Pra quem mora aqui dentro foi ótimo, né? Mas tem ônibus sem piso, que é tudo estragado.”
Os cidadãos também acreditam que a isenção da tarifa seja uma ação eleitoreira do prefeito.
Questionado, Josué Ramos diz que o tarifa zero já fazia parte do seu plano de governo e nega que tenha sancionado o programa visando sua reeleição em 2020.
“Não é uma decisão de momento, nem tão pouco eleitoreira. Se todas as ações daqui pra frente forem consideradas eleitoreiras, eu não posso fazer mais nada.”
Quanto a demora dos ônibus, o prefeito diz que os cidadãos devem se programar para adaptar a rotina deles aos horários dos veículos.
O especialista em mobilidade urbana, Flaminio Fichmann, analisa que a adoção da tarifa zero em Vargem Grande é socialmente adequada, mas ele ressalta que uma parcela baixa da população será realmente beneficiada.
Segundo o urbanista, a tarifa zero funciona em uma cidade do tamanho de Vargem Grande, que tem 52 mil habitantes. Se uma medida semelhante fosse aplicada em uma cidade do tamanho de São Paulo, ainda segundo Fichmann, o resultado iria ser o caos.
*Com informações do repórter Leonardo Martins
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