No mês de novembro de 2020, os eleitores vão às urnas nos Estados Unidos para definir quem vai governar o país pelos próximos quatro anos. E, nessas eleições, os candidatos têm uma grande preocupação: a disseminação de fake news.
No começo de 2019, o Departamento do Censo norte-americano pediu ajuda a empresas de tecnologia para combater a desinformação na internet, antecipando a ameaça às eleições.
Uma pesquisa feita pelo site Avaaz mostrou que, nos Estados Unidos, só até o mês de novembro, notícias falsas relacionadas a política já tinham recebido mais de 150 milhões de visualizações pelo Facebook. O levantamento também descobriu que, conforme as eleições norte-americanas se aproximam, mais as pessoas compartilham essas fake news.
A empresa responsável pela pesquisa destaca que essa é apenas uma parte da ameaça, já que o estudo não analisou outras redes sociais.
O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que quer destinar receitas da empresa para financiar jornalismo de qualidade. No começo de 2018, Zuckerberg prestou depoimento no Senado norte-americano por causa do escândalo da empresa Cambridge Analytica, associada ao vazamento de dados de usuários para o direcionamento de propagandas políticas.
Em 2019, o Twitter proibiu as propagandas políticas na plataforma. A empresa disse que a divulgação de mensagens políticas não deve ser paga, mas sim conquistada.
Mas as fake news já viraram parte do debate político. O presidente norte-americano, Donald Trump, usa muito esse termo nas redes sociais e nos discursos, acusando parte da mídia dos Estados Unidos de disseminar notícias falsas.
O termo também está nas campanhas dos pré-candidatos à presidência. A senadora democrata Elizabeth Warren chegou a promover um anúncio falso no Facebook de propósito, como um protesto para ver até que ponto a empresa permitiria a disseminação de informações falsas.
O assunto já fez surgir até um novo cargo dentro das equipes de campanha dos candidatos: o especialista em combate à desinformação. O Comitê Nacional Democrata publicou um guia com recomendações para lidar com as fake news, e uma delas é que os candidatos definam pelo menos uma pessoa da equipe para monitorar a disseminação de informações falsas na internet.
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), rejeita o termo fake news, e publicou um guia contra a desinformação. A coautora do guia, Julie Posetti defende que não existe notícia falsa, já que para ser notícia, algo precisa ser verdadeiro. Ela explica que desinformação é a propagação intencional de mensagens falsas para enganar as pessoas, ao contrário da propaganda política, que deixa as intenções bem claras.
A preocupação com as fake news nos Estados Unidos é maior no ano que começa, é claro, por causa das eleições. Mas o tema não deixa de ser uma ameaça global: para o público em geral, a recomendação é sempre checar se as informações foram confirmadas por mais de um veículo confiável, antes de compartilhar.
*Com informações da repórter Mariana Janjácomo
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