Dos 76 detentos que fugiram do presídio de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, no último domingo (19), 40 são brasileiros e 36 paraguaios. Segundo autoridades do dois países, todos teriam algo em comum: a ligação com o PCC, o Primeiro Comando da Capital.
A cidade, que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul é, desde 1970, a região mais importante para o crime organizado sul americano. Isso porque o Paraguai é o maior produtor de maconha do mundo e principal porta de saída da cocaína dos países andinos.
Logo, comandar o tráfico da região se tornou uma meta para os planos de expansão da facção.
Essa é a avaliação do jornalista Allan de Abreu, autor do livro Cocaína, a Rota caipira, que investiga as principais vias utilizadas pelo narcotráfico pelos rincões do Brasil. “O PCC começa a se expandir pro Paraguai em um projeto do Marcola de dominar essa rota a partir de 2006, 2007.”
A região de Pedro Juan Caballero é um problema antigo e a solução não é simples.
Segundo o ex-secretário nacional da Segurança Pública no governo Fernando Henrique Cardoso, José Vicente, o principal entrave da Segurança Pública nacional para sanar o tráfico de drogas é o dinheiro.
“Há um plano de R$ 10 bilhões que vai utilizar as forças armadas para que, de alguma maneira, se faça um trabalho mais inteligente do que cercar os 17 mil quilômetros de fronteiras que nós temos.”
Entre 2014 e 2015, Pedro Juan Caballero também foi palco de um confronto sangrento pelo domínio da região entre a facção criminosa brasileira e Jorge Rafaat Toumani, conhecido como Rei da Fronteira. Ele foi assassinado em 2016 durante uma emboscada na cidade paraguaia numa ação que envolveu quatro carros, cinquenta pessoas e tiros de fuzis.
O PCC foi apontado como executor do plano, mas até hoje não se sabe o resultado das investigações.
A morte de Rafaat abriu passagem para o controle do PCC no país e a sucessiva expansão do grupo para deixar de ser uma facção e se tornar, segundo Abreu, um cartel. “Ele já controla áreas produtoras de cocaína na Bolívia, já tem um método para exportar essa cocaína para organizações criminosas na Europa.”
Uma reportagem do portal UOL mostrou que uma investigação internacional envolvendo as polícias de quatro países da Europa identificou inclusive um elo entre a máfia italiana e o PCC. Apesar do controle exercido sobre grande parte das prisões brasileiras, Allan de Abreu afirma, no entanto, que a facção não está presente nos presídios de todos países da América do Sul
Segundo ele, até o momento, líderes estão concentrados apenas no Paraguai e Bolívia.
*Com informações do repórter Leonardo Martins
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