A subnotificação de casos do coronavírus no Brasil é admitida até mesmo por autoridades e, diante deste cenário, outros índices podem apontar a expansão da covid-19 no país. Um deles é a síndrome respiratória aguda grave, uma classificação que engloba uma série de doenças.
Segundo o InfoGripe, plataforma do Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz, o número de mortes classificadas desta forma cresceu em 2020. De 1º de março a 18 de abril, o Brasil registrou 5.239 óbitos como síndrome respiratória grave. Nos últimos cinco anos, a média para o mesmo período era de 770 mortes pela doença.
O professor Gonzalo Vecina Neto, da Faculdade de Saúde Pública da USP, diz que a única forma de diagnosticar a Covid-19 é testar a população, o que o Brasil não está fazendo de forma eficiente.
O problema na testagem também foi apontado pelo infectologista Luis Fernando Waib, da Sociedade Brasileira de Infectologia. De acordo com o médico, o resultado falso negativo pode acontecer quando o exame não é feito no período ideal da doença. Além disso, segundo ele, nem todos os testes estão sendo armazenados corretamente.
Luis Fernando Waib lembra que, no início do mês, o Cremesp, Conselho Regional de Medicina de São Paulo, encontrou amostras armazenadas em geladeiras no Instituto Adolfo Lutz. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Saúde negou as irregularidades, por meio de nota.
De acordo com os especialistas, sem testar a população de forma ampla e sem processar os resultados, o conhecimento da real dimensão da doença fica comprometido no Brasil, assim como as políticas públicas para combatê-la.
*Com informações da repórter Nicole Fusco
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