sexta-feira, 24 de abril de 2020

Em Roraima, profissionais indígenas atuam no combate ao coronavírus

A enfermeira Letícia Monteiro, de 44 anos, indígena do povo Taurepag, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada em Roraima, é responsável pelo monitoramento de comunidades indígenas durante a pandemia do coronavírus.

Letícia, que é uma das enfermeiras da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi) do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Leste Roraima, ligada à Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, tem trabalhado para orientar e tentar evitar que a covid-19 chegue aos indígenas das etnias Wai Wai, Macuxi, Taurepag, Wapixana que vivem nas regiões Murupú, Wai Wai e Surumú.

“A pandemia é bem preocupante. Existem aldeias em regiões bem distantes, só com acesso aéreo. Se a doença chegar lá, há o risco de a pessoa não conseguir chegar a tempo à cidade”, diz.

“Além disso, a população indígena não tem isso de cada um ficar na sua casa. Todo mundo fica junto, têm famílias que moram juntos pais, filhos, filhos já casados e netos. Uma casa comporta 15, 20 pessoas. A comunidade se reúne para comer, para conversar. Há um risco muito grande de contaminar todos de uma vez”.

A própria enfermeira, no entanto, estava isolada em casa, em Boa Vista, por apresentar alguns dos sintomas da doença. “Primeiro, a gente sente uma grande preocupação e, depois, uma impotência por não ter todos os materiais, todos os epi [equipamento de proteção individual]. Agora que eles estão chegando”, diz Letícia.

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) também monitora a pandemia do novo coronavírus e oferece apoio às comunidades indígenas. Segundo a secretária-geral do Movimento das Mulheres Indígenas do CIR, Maria Betania Mota de Jesus, que é da etnia Macuxi, um projeto emergencial foi elaborado.

“Elaboramos um projeto emergencial para apoiar as lideranças indígenas no combate ao coronavírus nas entradas das terras indígenas. Também estamos arrecadando recursos para a compra de cestas básicas e material de higienização. Estamos recebendo das lideranças solicitação de material para confecção de máscaras dentro dos territórios.”

Desde o mês passado, para tentar conter o avanço da doença, comunidades indígenas fecharam o acesso ao território e estão controlando a entrada de pessoas. Até o momento, não há registros de cados de coronavírus nas comunidades indígenas de Roraima.

Segundo dados parciais da Sesai, são mais de 342 comunidades em Roraima, com população de 70,6 mil indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona, Taurepang, Wai Wai, Yekuana, Yanomami, Sapará, Pirititi e Wamiri Atroari.

*Com informações da Agência Brasil

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