sábado, 25 de abril de 2020

Ministro mais bem avaliado, Moro tinha promessa de ‘carta branca’, mas teve reveses

2019 marcou uma mudança na carreira de um dos personagens mais importantes da história recente do brasil. O juiz Sergio Moro abandonava o protagonismo conquistado à frente da Operação Lava Jato para assumir um outro papel de destaque: o de ministro da justiça e segurança pública do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Em 22 anos de magistratura, ele condenou empresários, doleiros e políticos, como o ex-presidente Lula.

No pronunciamento de posse, Moro reafirmou o compromisso de fortalecer o combate à corrução.

Logo no primeiro ano, Moro já se tornou o ministro mais bem avaliado do governo.

Apesar da promessa de carta branca de Bolsonaro, encontrou o primeiro obstáculo logo no segundo mês de ministério. Pressionado por apoiadores do governo, o ministro teve que revogar o nome da cientista política Ilona Szabó para o conselho de política criminal e penitenciária.

Dois meses depois, mais um revés. O Coaf, conselho de controle de atividades financeiras, foi retirado do Ministério da Justiça e transferido para o da Economia.

Moro defendia que o órgão era um instrumento importante no combate ao crime organizado.

Ele também pediu ao presidente do STF, Dias Toffoli, que revogasse a decisão de suspender inquéritos criminais que usassem dados de órgãos de controle, como o Coaf.

A medida foi tomada após um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro e paralisou as investigações do ministério público do rio de janeiro sobre o filho do presidente Jair Bolsonaro.

Ainda no ano passado, conviveu com o vazamento de trocas de mensagens entre ele e integrantes da lava jato.

O conteúdo publicado pelo site The Intercept levantou suspeitas sobre a conduta da operação. Moro considerou criminosa a divulgação dos diálogos.

Ele também encontrou dificuldades para aprovar o pacote anti-crime, principal projeto do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que acabou sendo desidratado pela Câmara.

Além disso, Bolsonaro sancionou uma das medidas incluídas pelos deputados que mais incomodava o ministro: a criação do juiz de garantias.

No início deste ano, o presidente cogitou desmembrar o ministério da justiça e segurança pública.

A hipótese desagradou o ministro Moro e o presidente voltou atrás na decisão.

Já em meio à pandemia do coronavírus, Moro se posicionou à favor das medidas de isolamento defendidas pelo então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta. As ideias divergiam das de Bolsonaro.

A relação de Moro e Bolsonaro se deteriorou após a demissão do diretor-geral da polícia federal, Maurício Valeixo, homem de confiança do ministro.

Moro é o oitavo ministro a deixar o governo bolsonaro, em quase 16 meses de mandato.

*Com informações de Vinícius Moura

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