Quem já viajou para o Reino Unido sabe o quanto é difícil entrar aqui – mesmo que seja numa trivial viagem a passeio. Conseguir morar legalmente então, sem um passaporte europeu, por exemplo, é ainda mais complicado.
As barreiras cada vez mais altas impostas pelas autoridades locais, com menção especial à era de Theresa May, só valem para os pobres mortais, como a imensa maioria de nós. Para quem tem dinheiro – muito dinheiro, no caso – as portas do Reino Unido continuam abertas. Independente da origem dos recursos.
Mesmo com todo o imbróglio do Brexit, com as incertezas econômicas pela frente, com o mercado imobiliário despencando e por ai vai, Londres continua atraindo milionários mundo afora. Sim, porque é possível comprar, entre aspas, uma cidadania britânica. Basta ter ao menos 2 milhões de libras disponíveis para investir no país – mais ou menos R$ 10 milhões.
Com este nível de dinheiro é possível conseguir o chamado Golden Visa, muito procurado por russos e chineses. No bojo, entram também imigrantes ou expatriados – como os endinheirados preferem ser chamados, com riqueza de origem no mínimo duvidosa.
Segundo dados do governo local, o número de imigrantes deste perfil chegou ao maior nível dos últimos cinco anos no primeiro semestre de 2019. O esquema é considerado moralmente questionável e o Governo chegou a prometer que iria endurecer as regras, sobretudo depois que um ex-espião russo e a filha dele sofreram uma tentativa de assassinato aqui na Inglaterra. Vladimir Putin é acusado de envolvimento no crime pelo governo britânico e por isso a retaliação.
De fato o fez, alguns questionamentos sobre a origem dos recursos endureceram, mas nada que impeça as suspeitas de que Londres também é utilizada como uma grande lavanderia de dinheiro sujo. E mais grave: quem se muda para cá dentro deste esquema pode conseguir um passaporte britânico depois de seis anos residindo no país.
Os chamados Vistos Gold também existem em outros destinos europeus, como em Portugal, por exemplo. Como o país é muito menos atraente para os milionários internacionais, os nossos colonizadores cobram bem menos pelo privilégio. É possível conseguir um visto para morar no país investindo singelos 250 mil euros, ou menos de R$ 1,2 milhão.
Aos poucos, a União Europeia está tentando acabar com este esquema.
No final das contas, fica claro que este papo de patriotismo, de fortalecer fronteiras e por aí vai é só uma grande hipocrisia. O problema mesmo é com quem vem de lugar pobre.
Com o dinheiro certo é possível conseguir muito passaporte de países tidos como desenvolvidos. E ninguém vai perguntar se você é árabe, judeu ou russo.
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