domingo, 29 de setembro de 2019

Aras afirma que atitude de Janot é ‘inaceitável’

O novo procurador-geral da República, Augusto Aras, classificou em nota como “inaceitáveis” as atitudes do ex-PGR Rodrigo Janot, que revelou ao Estadão ter ido armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. Apesar disso, o recém-nomeado ao posto máximo do Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o fato “não tem o condão de macular” a instituição.

“O Ministério Público Federal é uma instituição que está acima dos eventuais desvios praticados por qualquer um de seus ex-integrantes”, diz Aras no comunicado. O novo procurador-geral afirma ainda confiar nos colegas, “homens e mulheres dotados de qualificação técnica e denodo no exercício de sua atividade funcional”. Segundo Aras, o MPF continuará cumprindo “com rigor” sua missão. “Os erros de um único ex-procurador não têm o condão de macular o MP e seus membros”, afirma a nota.

As declarações do novo ocupante da cadeira que já foi de Janot se somam às críticas até mesmo de ex-auxiliares do antigo PGR. Ex-secretário-geral do MPF na gestão de Janot, o procurador regional da República Blal Dalloul disse ao Estadão/Broadcast que as declarações do ex-chefe são “uma das páginas tristes para a história do Ministério Público, e sua revelação nada traz de positivo”.

Janot disse ao Estado que, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, ingressou armado no Supremo para matar Gilmar. “Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar”, afirmou o ex-PGR. Anteontem, o Supremo determinou buscas em endereços de Janot e uma pistola foi apreendida. Ele teve o porte de arma suspenso, foi proibido de entrar na Corte de se aproximar de ministros do tribunal.

“Estou realmente chocado com essa revelação. Não imaginava que tal situação tivesse acontecido, e minha formação não admitiria conhecimento sem veemente discordância”, disse Dalloul, que ficou em terceiro lugar na lista tríplice da categoria para a escolha do novo procurador-geral – ignorada pelo presidente Jair Bolsonaro, que indicou Aras. “É preciso perdoar e amar muito mais. Inclusive por e pela instituição tão maior do que qualquer das suas pessoas”, acrescentou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

 

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